Um dos utilizadores do Twitter, não identificado, criou uma conta que se dedicava a seguir os movimentos do jato privado de Bernard Arnault, o dono da empresa Moët Hennessy Louis Vuitton (conhecida no mercado como Louis Vuitton). O objetivo era denunciar a pegada ecológica de cada movimento de um dos homens mais ricos do mundo, para tentar apelar à consciencialização do uso deste tipo de transportes privados.
O resultado? Praticamente nulo. Bernard Arnault fartou-se de ver os seus movimentos expostos pelas publicações no Twitter e vendeu o avião. Agora, sempre que precisar vai alugar aviões.
F-HTTL | Total Energies | 25.09.2022 | Stavanger -> Paris | 1h30min | ~ 3.6 t CO2. pic.twitter.com/kihb8OBhza
— laviondebernard (@laviondebernard) September 30, 2022
Nas publicações é possível seguir os movimentos do milionário, que tem residência em Paris, mas passa grande parte do tempo a viajar. No dia 25 de setembro, por exemplo, Arnault deslocou-se dentre Paris e Stavanger, no sul da Noruega. Em cada viagem (ida e volta) de 1h30h, o jato privado do milionário lançou para atmosfera o equivalente a 3,6 toneladas de dióxido de carbono, de acordo com a publicação no Twitter.
Dois dias depois a viagem foi mais longa: entre Paris e Nova Iorque, para uma estadia de dois dias, já que a 29 de setembro voltou para Paris. Em cada viagem, segundo o mesmo utilizador do Twitter, o voo de seis horas emitiu mais de 29 toneladas de dióxido de carbono.
F-HTTO | Total Energies | 29.09.2022 | New York -> Paris | 6h00min | ~ 29.2 t CO2. pic.twitter.com/93OjhwotNx
— laviondebernard (@laviondebernard) September 30, 2022
Numa das publicações feitas no mês de setembro, o utilizador ‘Laviondebernard’ citava uma publicação do ministro da Economia francês, Bruno Le Maire. Na publicação, o ministro agradecia à empresa de Bernard Arnault, Louis Vuitton, pelas “medidas concretas para reduzir o consumo de energia”. Na resposta, o utilizador ‘Laviondebernard’ questionava-se sobre “rir ou chorar”.
“‘A contenção de gastos energéticos e a luta contra as mudanças climáticas são assunto de todos’. Todos, exceto aqueles que têm um jato particular”, criticava o utilizador da rede social.
On ne sait pas trop si on doit en rire ou en pleurer. "La sobriété énergétique et la lutte contre le changement climatique sont l'affaire de tous". Tous, sauf ceux qui possèdent un jet privé. https://t.co/Y56hCO8mWR
— laviondebernard (@laviondebernard) September 17, 2022
Farto da exposição, foi o próprio Arnault que confirmou num podcast da empresa Louis Vuitton que o jato tinha sido vendido. “De facto, com todas as histórias criadas o grupo tinha um avião e vendemos”, explica Bernard Arnault, confirmando que continua a viajar em aviões privados quando precisa.
“O resultado é que agora ninguém pode ver para onde vou porque alugo aviões quando preciso de um voo privado”, disse. Também o filho, Antoine Arnault, falou sobre o tema acrescentando argumentos sobre concorrência: “Não é bom que os nossos concorrentes possam saber onde estamos a qualquer momento. Além das ideias, pode dar pistas e indicações” sobre a estratégia da empresa.