O PCP criticou esta quinta-feira a nova subida das taxas de juro anunciada pelo Banco Central Europeu (BCE) e alertou para a urgência de serem tomadas medidas de proteção dos clientes de créditos à habitação.
“Momentos como este mostram que há uma resposta que tem de ser dada e o Governo tarda em dar essa resposta”, criticou o deputado Bruno Dias, em declarações aos jornalistas no parlamento.
O BCE anunciou esta quinta-feira uma nova subida de 75 pontos base nas suas taxas de juro para travar a inflação recorde na zona euro.
Com esta subida, a terceira consecutiva e a segunda desta dimensão, a principal taxa de refinanciamento do BCE fica em 2%.
“Este anúncio é mais uma demonstração a confirmar que o interesse e as prioridades do BCE e da União Europeia não é de facto a vida das pessoas, o interesse das populações”, apontou Bruno Dias.
O deputado comunista afirmou que a inflação não está a subir por haver “um grande poder de compra e grande procura dos mercados”, mas resulta “em larga medida do aproveitamento e da especulação” face à guerra na Ucrânia e às sanções contra a Rússia.
“Era preciso estancar os aumentos, controlar e fixar os preços, e responder a esta situação com o aumento dos salários”, contrapôs Bruno Dias, alertando que a nova subida dos juros vai criar ainda mais dificuldades no dia a dia das populações e “agravar os riscos de recessão económica”.
O deputado alertou que, em Portugal, mais de 1,4 milhões de famílias poderão sentir o “impacto gravíssimo” nos créditos à habitação.
“Reafirmamos a urgência de medidas que o PCP tem vindo a propor”, disse, apontando a necessidade de “intervir no mercado, fixando spreads máximos”, garantir que a renegociação dos contratos protege os clientes, permitir moratórias no pagamento de juros e salvaguardar a impenhorabilidade da casa de família.
O deputado Bruno Dias salientou ainda que esta situação “demonstra o total embuste da teoria de que a única forma de combater a inflação era haver uma moeda única”.
“Ora aí está a moeda única com inflação galopante”, criticou.
O BE alertou esta quinta-feira para o “problema social” em Portugal que resultará do aumento das taxas de juro decidida pelo Banco Central Europeu (BCE) no crédito à habitação, avisando o Governo de que “quem atrasa soluções arranja complicações”.
Da parte do Bloco de Esquerda, na nossa análise sobre esta evolução da taxa de juro decidida hoje pelo BCE, há uma conclusão óbvia: num país em que as políticas de habitação empurraram as pessoas para a compra de habitação própria, esta evolução da taxas de juro transforma-se num problema social”, referiu aos jornalistas o líder parlamentar do BE, Pedro Filipe Soares, numa primeira reação à decisão do BCE de subir as taxas de juro em 75 pontos base.
Em termos nacionais, na análise do dirigente bloquista, o Governo “tarda em apresentar soluções”, tendo chumbado as medidas que o BE levou ao parlamento para responder a este problema no crédito à habitação.
“Nós percebemos que quem atrasa soluções arranja complicações”, criticou, considerando ser “incompreensível que o Governo continue sem apresentar nada”.
Segundo Pedro Filipe Soares, a resposta “chegará provavelmente quando às famílias já não fizer a diferença” porque nesta matéria é preciso agir antes da entrada em incumprimento.
O Governo português, provavelmente a julgar por o que disse ontem o primeiro-ministro, dirá que está contra o aumento das taxas de juro do BCE, mas são lágrimas de crocodilo porque no que toca ao controlo de preços de bens essenciais o Governo não faz nada, no que toca à indicação de medidas para ajudar as famílias de resposta ao credito à habitação o Governo não faz nada”, criticou.
O bloquista considerou que “a resposta do BCE com o aumento dos juros é uma resposta errada num contexto errado”.