Mais uma final da Libertadores, mais um duelo entre clubes brasileiros. Pela terceira vez nos últimos quatro anos, a mais importante final continental da América do Sul era também um duelo brasileiro — sendo que, desde 2019 e até agora, houve sempre uma equipa brasileira a marcar presença na derradeira partida da Libertadores. Este sábado, no Estádio Monumental Isidro Romero Carbo do Equador, era a vez do Flamengo e do Athl. Paranaense disputarem o título sul-americano mais apetecível.

Do lado do Flamengo, o objetivo era repetir os êxitos de 1981 e 2019, este último com Jorge Jesus, e superar o Cruzeiro, o Atlético Nacional e o Internacional para integrar o grupo de clubes que já conquistaram a Libertadores em três ocasiões. Dorival Júnior, o treinador que substituiu o português Paulo Sousa no passado mês de junho, é um dos preferidos para a sucessão de Tite na seleção brasileira depois do Mundial — mas, antes disso, procurava a primeira Libertadores da carreira.

“Estou a desfrutar de uma situação ímpar na minha vida, que eu esperava que chegaria um dia na minha carreira. É a terceira passagem pelo Flamengo e não posso pensar noutra coisa que não em fazer o meu melhor. E amanhã, depois da partida, só espero que possamos ajudar esta equipa a ser campeã”, disse o técnico brasileiro na antevisão da final.

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Do outro lado, no comando do Athl. Paranaense, estava Luiz Felipe Scolari. O antigo selecionador português ia atrás da terceira Libertadores da carreira, sendo que já tinha conquistado o troféu em 1995 com o Grémio e em 1999 com o Palmeiras, mas ia principalmente à procura do último grande sucesso de um percurso brilhante que inclui a vitória no Mundial 2002 com o Brasil. Scolari já anunciou a intenção de deixar de ser treinador no fim da temporada, pretendendo permanecer no clube mas como diretor técnico, e tinha como derradeiro objetivo garantir a primeira Libertadores da história do Athl. Paranaense.

“Não existe um favoritismo total. Se fosse em dois jogos, poderia ser diferente. Se nos soubermos comportar com qualidade e simplicidade, podemos complicar o jogo e sair com o título. Sabemos que o Flamengo é favorito, que tem capacidade e qualidade, mas nós também temos. Desde que façamos aquilo que sempre fizemos na Libertadores, teremos hipótese de vencer”, explicou o treinador brasileiro na antecâmara da partida.

Assim, no Equador, David Luiz era titular no eixo defensivo do Flamengo, com Gabigol e Pedro a serem as referências ofensivas apoiadas por Arrascaeta, e o ex-Benfica Everton Cebolinha começava no banco — acompanhado pelos experientes Arturo Vidal e Diego. Do outro lado, Vitinho e Vítor Roque eram os elementos mais adiantados, com Alex Santana e Fernandinho a abrirem nas alas e Bueno a servir como uma espécie de ’10’ muito móvel.

O Flamengo começou a partida com uma contrariedade, com Filipe Luís a ter de sair lesionado à passagem dos 20 minutos iniciais. Já perto do intervalo, porém, acabou por ser o Athl. Paranaense a cair nas malhas do azar: Pedro Henrique viu o segundo cartão amarelo e foi expulso, deixando a equipa de Scolari com menos um jogador com toda a segunda parte por disputar. Mesmo nos derradeiros instantes do primeiro tempo, porém, as coisas pioraram — Gabigol abriu o marcador com assistência de Everton Ribeiro (45+4′) e deu vantagem ao Flamengo, assinando o quarto golo em três finais da Libertadores e igualando Luizão como o melhor marcador brasileiro da história da competição, com 29 golos.

Na segunda parte, apesar da reação corajosa do Athl. Paranaense, já nada aconteceu. O Flamengo venceu e conquistou a Libertadores pela terceira vez, tornando-se o segundo vencedor invicto da competição depois do Corinthians em 2012. Num dia em Gabigol voltou a fazer história para o clube do Rio de Janeiro, Dorival Júnior deixou a derradeira candidatura à seleção brasileira — e Luiz Felipe Scolari despediu-se de uma carreira longa e recheada de sucessos sem um último grande sucesso.