Jair Bolsonaro chegou às 9h30 ao Palácio do Planalto, após ter estado fechado no Palácio de Alvorada no rescaldo dos resultados eleitorais deste domingo. Desde aí, o ainda Presidente do Brasil mantém o silêncio e ainda não se pronunciou, reunindo-se com os seus assessores e ministros.

Mais cedo, ao início da manhã, o filho e deputado de Jair Bolsonaro, Flávio Bolsonaro, visitou o pai no Palácio de Alvorada, tendo chegado de carro de carro. Também o coronel Mauro Cid reuniu-se com o ainda Presidente do Brasil nas primeiras horas do dia.

No domingo, Depois de passar o dia a fintar os jornalistas reunidos à porta do Palácio da Alvorada, em Brasília, Jair Bolsonaro fez saber que não ia pronunciar-se sobre o resultado das eleições, que deram a vitória a Luiz Inácio Lula da Silva, e foi dormir, mantendo o suspense e adiando por mais algumas horas a sua reação.

Foram horas de incerteza, com informações contraditórias a chegar à imprensa, que ora era informada de que o Presidente tinha saído sem destino, ora recebia a notícia de que tinha ido para a residência oficial do ministro da Economia, ora sabia que Bolsonaro afinal nunca dali tinha saído, recapitulou o Estado de São Paulo, não deixando de fora o momento em que, por volta das 21h (meia-noite em Portugal), já era conhecida a vitória de Lula da Silva, uma comitiva chegou à residência oficial do Presidente do Brasil e a bandeira nacional foi hasteada — dando a entender que, então, sim, Jair Bolsonaro estava em casa.

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Ouça aqui o episódio do podcast “A História do Dia” sobre a vitória de Lula da Silva.

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Apesar dessa aparente garantia, Bolsonaro continuou a não se deixar ver; tudo aquilo que os repórteres no local conseguiram descortinar para lá das paredes envidraçadas de um Palácio da Alvorada a meia-luz foi Eduardo, um dos cinco filhos do ainda Presidente do Brasil. Ver, não ouvir: tal como o pai, também o deputado federal, habitualmente muito ativo nas redes sociais, se manteve em silêncio.

A seguir, cerca de uma hora mais tarde, as luzes apagaram-se, noticiou a Folha de São Paulo, sem que Jair Bolsonaro reagisse — aliás, sem que aceitasse sequer falar com os ministros do seu governo, nem pessoalmente nem ao telefone.

Eram 22h06, mais três horas em Portugal continental, quando o candidato derrotado às eleições do Brasil, o primeiro a perder uma reeleição desde que, em 1997, a Constituição passou a prever essa possibilidade, mandou apagar as luzes e foi dormir. Pelo menos, foi essa a indicação que o seu ajudante de ordem, Mauro César Cid, lhes deu.

Alexandre de Moraes, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral, revelou que, quando lhe telefonou, instantes antes de serem anunciados os resultados oficiais das eleições, Bolsonaro o atendeu com “extrema educação e lhe agradeceu”. Tarcísio de Freitas, que esta noite derrotou Fernando Haddad e foi eleito governador do estado de São Paulo, garantiu aos jornalistas que o ainda Presidente está “tranquilo” e que esta segunda-feira vai trabalhar “normalmente”. Mas também não chegou à fala com ele, concedeu, conversou apenas com Braga Netto, o seu candidato a vice-presidente.

A Lula da Silva, revelou o próprio no discurso que fez este domingo à noite (já madrugada em Portugal), em plena Avenida Paulista, perante milhares de apoiantes, Jair Bolsonaro também não telefonou a reconhecer a derrota. “Não sei se vai reconhecer”, admitiu o Presidente eleito que, minutos antes, já tinha deixado no ar a dúvida sobre se o rival permitirá ou não que a transição decorra sem sobressaltos.