A Associação Empresarial da Região de Coimbra (NERC) alertou esta quarta-feira para o aumento de insolvências de particulares e empresas, aconselhando-os a procurarem soluções de renegociação dos contratos de crédito e a reivindicarem o apoio do Governo.
Em comunicado enviado à agência Lusa, a direção da NERC referiu o “forte impacto que o galopante aumento das taxas de juro está a ter na competitividade empresarial” e defendeu que o Governo deve “tomar medidas de emergência no sentido de salvar as empresas e apoiar os particulares”.
“A situação atual deve merecer um olhar mais atento do Governo, assim se queira garantir a competitividade das empresas e ajudar os particulares em dificuldades”.
Para aquela organização, “o Governo deve baixar os impostos e apoiar as empresas através de programas de emergência, com alargamento das moratórias e prazos para os financiamentos Covid e para a abertura de novas linhas de financiamento”, devendo estas ter “melhores condições e garantias de Estado”.
Caso isso não venha a aconteceu, poderá assistir-se, “a curto prazo, ao encerramento de muitas empresas”.
A associação que representa o tecido empresarial da região de Coimbra mostrou-se muito preocupada com “o dramático aumento, nomeadamente nos últimos dois anos, de processos em tribunal relativos a falências, insolvências e recuperação de empresas”.
No que respeita a esta área das insolvências, processos especiais de revitalização e processos especiais para acordo de pagamento, o relatório da Direção-Geral da Política de Justiça publicado na sexta-feira refere que “no segundo trimestre de 2022 e face ao segundo trimestre de 2021, registou-se um acréscimo de 14,6% no número de insolvências decretadas”.
Atendendo à “inflação a escalar valores para 10,2% (não sustentada no aumento da procura)” e ao “aumento das taxas de juro (uma parte já verificada e outra anunciada para dezembro e abril, chegando previsivelmente aos 3%)”, a associação considerou que “vai ser inevitável a asfixia da economia de muitas famílias, por não haver correspondência com o aumento dos seus rendimentos”.
Esta asfixia “provocará uma espiral de incumprimentos e, por essa via, insolvências a nível de empresas e particulares”.
Neste âmbito, a NERC defendeu que “o Governo deve tomar medidas urgentes, sob pena de colocar em causa a desejada recuperação económica, isto apesar dos investimentos previstos no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência e do Portugal 2030”.
“Existem muitas variáveis que contribuem para esse apoio, desde a baixa de impostos diretos e indiretos à disponibilização de novas linhas de crédito para as pequenas e médias empresas ou implementação de moratórias nos financiamentos a decorrer, bem como apoio especial aos particulares com moratórias a nível dos créditos de habitação”, sugeriu.