O brilhante início de temporada do Sp. Braga, para além de ter tido efeitos práticos na Primeira Liga, teve consequências claras na Liga Europa. Os minhotos venceram as duas primeiras jornadas da competição europeia na mesma janela temporal em que se mantiveram invictos no Campeonato — e começaram a perder pontos na Europa na mesma janela temporal em que começaram a tropeçar internamente.

E basta olhar para o calendário para perceber isso mesmo. O Sp. Braga perdeu pela primeira vez na Liga no Dragão, com o FC Porto e no último dia de setembro, e logo nessa mesma semana perdeu também com o St. Gilloise. Seguiu-se a derrota com o Desp. Chaves e o empate com o mesmo St. Gilloise, uma vitória tirada a ferros na Taça de Portugal contra o Felgueiras e outra frente ao Estoril e um novo desaire com o Union Berlin na Alemanha. Tudo somado e, no início de novembro, o Sp. Braga está a seis pontos da liderança do Benfica e ainda não tinha garantido o apuramento para a fase seguinte da Liga Europa à entrada para a última jornada.

Ninguém se lembrou da velha máxima: quem não marca, sofre (a crónica do Union Berlin-Sp. Braga)

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Esta quinta-feira, na antecâmara de uma sempre complexa receção ao Casa Pia no fim de semana, a equipa de Artur Jorge recebia o  v e precisava de vencer para assegurar a qualificação para os 16 avos de final da Liga Europa. Mas não dependia apenas de si mesma: para além de ter de garantir os três pontos, o Sp. Braga tinha de esperar que o Union Berlin não vencesse o St. Gilloise na Bélgica, sendo já impossível chegar ao primeiro lugar e podendo apenas disputar a vaga de acesso ao playoff.

“Diria que é algo desconfortável estar nesta posição, uma vez que vencer é a única solução e pode nem ser suficiente para seguir em frente. Estamos dependentes de terceiros para passar a fase de grupos. Mas estamos motivados, confiantes e, sendo capazes de fazer a nossa obrigação, ficaremos na expectativa de tentar perceber o que o outro resultado nos dará. Seja como for, em termos de competições europeias já garantimos a continuidade, resta-nos esperar se na Liga Europa ou na Liga Conferência”, explicou o treinador minhoto, que lançou Banza e Rodirgo Gomes no onze inicial, na antevisão da partida.

Na primeira parte, o Sp. Braga fez tudo o que podia fazer. Abriu o marcador já depois da meia-hora, por intermédio de Ricardo Horta (36′), e estava a vencer o Malmö ao intervalo. O problema? Na Bélgica, o St. Gilloise não estava a corresponder e chegou ao fim do primeiro tempo a perder com o Union Berlin de Diogo Leite, numa conjugação de resultados que deixava os minhotos na Liga Conferência e fora da Liga Europa.

Artur Jorge mexeu ao intervalo, trocando Abel Ruiz por Álvaro Djaló, e o jovem avançado só precisou de 10 minutos para marcar e aumentar a vantagem minhota (55′). Sem que o resultado na Bélgica trouxesse boas notícias, o treinador do Sp. Braga fez mais duas substituições e lançou Uros Racic e Hernâni Infande, preocupando-se claramente com aquilo que podia controlar sem pensar nas outras vertentes. Já dentro do último quarto de hora, os suecos acabaram por reduzir por intermédio de Sejdiu (77′).

Até ao fim, já nada mudou — nem na Pedreira nem na Bélgica. O Sp. Braga venceu o Malmö, o Union Berlin venceu o St. Gilloise e os minhotos ficaram no terceiro lugar do grupo da Liga Europa, caindo para a Liga Conferência. A equipa de Artur Jorge ganhou, cumpriu e fez aquilo que lhe competia. Mas nem isso chegou.