“Vamos colaborar, seremos responsáveis“, afirmou o presidente da comissão executiva do BPI, em relação às novas regras do diploma aprovado na quinta-feira pelo Governo e que procuram mitigar as dificuldades de alguns clientes de crédito à habitação que viram os juros subirem de forma acentuada nos últimos meses.
“A nossa posição é que entendemos perfeitamente que estamos a viver um momento delicado. Somos bastante sensíveis ao momento, que surpreende pela velocidade dos acontecimentos”, afirmou João Pedro Oliveira e Costa, esforçando-se por mostrar uma atitude diferente daquela que foi demonstrada por Miguel Maya, presidente do BCP, que criticou o (que já se sabia sobre) o diploma e avisou os clientes de que pode haver um “estigma” para quem recorrer às medidas.
Quem (e como) pode pedir para renegociar o crédito, com o novo diploma criado pelo Governo?
O banco já tem vindo a “fazer o trabalho de casa” na identificação das situações em que, com a informação disponível, se podem antecipar dificuldades para os clientes, sobretudo entre aqueles que compraram casa há menos tempo (e, portanto, podem ficar numa posição mais difícil).
“Temos a sensibilidade para as situações dos nossos clientes e iremos ter a máquina preparada para dar resposta aos clientes”, afirmou João Pedro Oliveira e Costa. “Estamos relativamente confortáveis com aquilo que temos nos nossos clientes e temos capacidade financeira (capital liquidez) para dar resposta com grande sentido de responsabilidade”, acrescentou.
BCP avisa clientes do “estigma” de pedir reestruturações de crédito devido às subidas da Euribor
E será que os clientes podem ficar “marcados“, palavra utilizada por Miguel Maya? João Pedro Oliveira e Costa diz que não gosta da palavra, embora diga perceber o que está em causa. Se alguém pedir uma reestruturação do crédito no BPI “não é estritamente necessário que o banco passe a ter uma visão menos positiva” acerca desse cliente, garante.
Porém, “se alguém que tem alguma necessidade” não faz sentido falar em outros créditos, ou seja, o cliente “não fica estigmatizado mas depois temos de ter cuidado e não ajudarmos as pessoas a caminhar para uma situação ainda pior”. “A partir do momento que estamos a resolver um assunto não vamos estar a querer criar outro logo ao lado”, acrescenta.
Lucros aumentam 18% para 286 milhões
As declarações foram feitas na apresentação dos resultados trimestrais do BPI. O banco aumentou em 18% os lucros obtidos até ao final de setembro, em comparação com o mesmo período de nove meses do ano anterior. Os resultados do grupo saltaram para 286 milhões de euros – 159 milhões dos quais relacionados com a atividade em Portugal, onde os resultados melhoraram em 25%.
A informação foi enviada pelo banco, esta sexta-feira, ao supervisor do mercado de capitais, a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM). E foi apresentada em conferência de imprensa, em Lisboa, pelo presidente da comissão executiva, João Pedro Oliveira e Costa.
Os resultados do banco, que é controlado pelo grupo espanhol La Caixa, subiram graças a um aumento de 9% no produto bancário, para 614 milhões de euros.
Dentro do produto bancário, as comissões aumentaram 7% graças a um aumento das operações de crédito, das comissões associadas a contas, intermediação de seguros, vendas de fundos de investimento e seguros de capitalização, segundo o banco.
Já a margem financeira – em termos simples, a diferença entre aquilo que o banco paga para se financiar, por exemplo nos depósitos, e aquilo que cobra nos créditos que concede – melhorou em 10% para 374 milhões de euros “suportada pelo crescimento do volume de crédito e a refletir já a subida das taxas de mercado”. Os depósitos aumentaram 8% e o crédito 7%.
Do lado dos custos, estes aumentaram (em termos recorrentes) 3% na comparação homóloga. Os custos com pessoal diminuíram 1%, com o banco a manter relativamente estável o quadro de pessoal de 4.460 colaboradores.
As participações no BFA e BCI tiveram um contributo de 102 milhões de euros e de 25 milhões de euros para o resultado consolidado dos primeiros nove meses, respetivamente.