Representantes de quase 200 países estão a partir deste domingo reunidos em Sharm el-Sheik, no Egito, para debater as alterações climáticas e a luta contra o aquecimento global, quando se multiplicam os avisos de catástrofe.
Naquela que é a 27.ª Conferência das Nações Unidas sobre as Alterações Climáticas (COP27), que encerra no dia 18, esperam-se mais de 35 mil participantes, com 2.000 intervenções marcadas sobre mais de 300 tópicos.
Uma das intervenções será a do primeiro-ministro português, António Costa, que chega hoje a Sharm el-Sheik e que estará na COP27 na segunda e na terça-feira, onde vai defender uma transição mais inclusiva e uma repartição mais equilibrada do financiamento climático, segundo fonte diplomática.
Na conferência no Egito não são esperados muitos líderes mundiais, estando no entanto anunciada a presença do Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e do primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, que inicialmente disse não estar presente, mas que há quatro dias revelou que irá a Sharm el-Sheik. A última conferência, COP26, realizou-se no Reino Unido.
A COP27, que marca o 30.º aniversário da adoção da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre as Alterações Climáticas (UNFCCC, na sigla original) mantém basicamente os mesmos objetivos de outras cimeiras desde 2015, quando foi assinado o Acordo de Paris, de limitar o aquecimento global a 02ºC (graus celsius) e se possível a 1,5ºC. Mas acontece no meio de uma crise política, energética, alimentar e económica provocada pela invasão da Ucrânia pela Rússia.
A própria ONU reconhece que essa situação pode levar a um retrocesso nas promessas e compromissos que alguns países fizeram no passado. Mas também diz que pode ser um despertar para que as nações se tornem autossuficientes em energia, sendo as energias renováveis a maneira mais barata de o fazer.
Na quinta-feira, o secretário-geral da ONU, António Guterres, alertou que o planeta está a caminho de “atingir pontos de inflexão que tornarão o caos climático irreversível”, e pediu mais ambição para a COP27.
“As emissões ainda estão a crescer em níveis recordes. (…) Enquanto isso, as temperaturas estão a caminho de aumentar até 2,8 graus até ao final do século. E isso significa que o nosso planeta (…) sufocará para sempre num aumento catastrófico de temperatura” alertou.
É por isso que a organização da COP27 pede que os países revejam as suas contribuições de redução de gases com efeito de estufa, e que invistam também na mitigação, adaptação e apoio a países menos desenvolvidos.
E diz que são essenciais “progressos significativos na questão crucial do financiamento climático”. Em destaque na conferência estará a questão das perdas e danos, que consiste em ressarcir países pelas catástrofes causadas pelas alterações climáticas, que afetam sobretudo os países mais pobres.
Um relatório da ONU divulgado na quinta-feira indicava que a lacuna entre os fundos alocados para reduzir a exposição dos países em desenvolvimento aos impactos do aquecimento global “continua a aumentar” e as necessidades reais são cada vez maiores.
Além das “grandes questões a presidência egípcia da COP27 programou dias temáticos e eventos paralelos, dedicados a temas como finanças, ciência, juventude, descarbonização, perda de biodiversidade, água, agricultura, água ou energia.