O bispo José Ornelas admite que os últimos tempos têm sido “penosos para todos os fiéis — leigos e particularmente sacerdotes” — por conta de “um duro embate com uma realidade”, que tem sido tornada pública pela Comissão Independente que se debruça sobre o estudo de abusos sexuais a crianças na Igreja Católica em Portugal.

Nas palavras de abertura na reunião plenária da Assembleia Plenária da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), D. José Ornelas também destaca que estes tempos se têm revelado como um “tempo de purificação, na busca da justiça, através da concreta identificação dessas situações dolorosas”: “A dor neste processo não nos deve desanimar”.

D. José Ornelas também destaca que não se devem fazer “generalizações indevidas, nem acusações indiscriminadas e que os responsáveis de tão condenáveis crimes possam ter também um tratamento justo, nas sedes apropriadas”. 

Ornelas volta a apelar à denúncia e diz que “qualquer número é sempre demasiado”: “Para nós cada caso é uma derrota”

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Reafirmando a sua “profunda gratidão a todas as vítimas”, D. José Ornelas afirmou que estas “têm dado corajosamente, o seu testemunho ao longo dos últimos meses” e, com isso, têm trazido “luz a uma sombria realidade que contradiz a identidade e a missão evangelizadora da Igreja”.

“Quero dizer também às vítimas que preferem manter selada no íntimo do coração a sua história que estamos cada vez mais conscientes da dureza da vossa dor, e gostaríamos de poder colaborar convosco na superação destes injustos e, a todos os títulos, inadmissíveis atentados”, sublinhou também o Bispo José Ornelas, que assegurou que vai ser aplicada uma política de “tolerância zero”. “É um firme propósito que queremos ver concretizado, para erradicar este mal na Igreja.”

O relatório da Comissão Independente será, na ótica de D. José Ornelas, um “instrumento fundamental” que ajudará a definir e a implementar “estratégias para mitigar a reincidência dos abusos” em complementaridade” com outras comissões já criadas.

Segundo o bispo, a Comissão “está a finalizar o seu trabalho”, apresentando no dia 31 de janeiro de 2023 um “relatório conclusivo que nos permitirá conhecer a verdade de um passado doloroso, antes de mais para as vítimas de tais abusos, que a todos nos fere e envergonha”.