Agora era mesmo a sério. E se dúvidas ainda existissem, mesmo sendo uma meia-final de um Campeonato do Mundo, os hinos no Aldo Cantoni tocaram pela primeira vez do início ao fim, algo que ainda não tinha acontecido até aqui com os jogadores a ficarem sem música a meio enquanto continuavam a cantar. Mais: o Pavilhão com 8.000 lugares a que os locais chamam Estádio (dizendo que a lotação pode ser ainda maior) começou a encher mais a sério para o encontro da Argentina com a Itália ainda na primeira parte e não no segundo tempo, como acontecera até aqui. Mesmo sem Espanha, havia jogo grande em San Juan.

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“Conheço esta França há muitos anos, vejo estes jogadores desde os juniores, sabemos o que fizeram no último Europeu chegando à final a jogar sempre num ritmo elevadíssimo. O primeiro jogo não foi mau para a França, foi um jogo ótimo para nós. A motivação que têm supera qualquer desgaste físico que possam ter por jogar um prolongamento nos quartos. Precisamos do máximo cuidado e responsabilidade. Entrar em vantagem era bom mas não essencial. Temos de pensar em nós, sobretudo isso”, tinha antes comentado Renato Garrido após a goleada frente à Alemanha, no lançamento das meias-finais do Mundial.

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“Só penso no jogo com a França, vai ser muito difícil. Não pensamos mais à frente, não pensamos do que pode acontecer depois de amanhã na final. É o jogo que temos de ganhar, respeitamos todos. A Espanha encontrou uma França poderosa pela frente e foi por isso que perdeu, tem muitos jogadores nas melhores equipas de Portugal e por aí se vê que não perdeu qualidade”, acrescentara o selecionador, não tirando mérito aos gauleses pelo triunfo nas grandes penalidades dos quartos frente aos espanhóis.

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Havia duas formas de olhar para o encontro à luz do passado recente. Por um lado, recordar aquilo que se passou no último Europeu, em que os três irmãos Di Benedetto abriram o livro e conseguiram colocar a França a ganhar a Portugal na fase de grupos, eliminando com esse resultado a Seleção da final. Por outro, puxar a fita atrás até à goleada de Portugal que marcou o início deste Mundial (5-1). Agora, e como seria de esperar, a história da partida foi diferente mas com o mesmo resultado de segunda-feira: a equipa nacional ganhou, está pela 27.ª vez na final de um Campeonato do Mundo frente a Argentina ou Itália (que jogavam a seguir), reforça o estatuto de seleção com mais pódios (42) e vai lutar pelo 17.º título, que permitiria não só revalidar o troféu ganho em 2019 mas também igualar o número de vitórias da Espanha.

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Com a lição bem estudada em relação ao que se tinha passado no primeiro jogo deste Mundial, a França entrou bem mais agressiva em termos defensivos, deixando pouco espaço para Portugal poder visar a baliza de Bonneau, e foi sempre tentando as habituais saídas rápidas que obrigaram Ângelo Girão a duas boas intervenções além de outra na sequência de um livre. No entanto, e com o passar dos minutos, a Seleção foi conseguindo agarrar no encontro e terminou por cima na parte final, inaugurando mesmo o marcador num grande remate em zona central de meia distância ao ângulo de Rafa (21′) e tendo ainda mais uma bola no poste por Hélder Nunes que João Rodrigues não conseguiu depois desviar perto da baliza.

A França arriscou um pouco mais no arranque do segundo tempo mas Portugal foi mantendo bem o avanço mínimo no encontro, tendo sempre o foco na baliza de Bonneau que fez intervenções importantes nessa fase da partida. A gestão da partida era quase exímia por parte da Seleção, que ainda assim sabia que estava sujeita ao empate perante a vantagem mínima que foi aumentada mais uma vez perto do final por Hélder Nunes (47′), numa fase em que jogava em power play na sequência de um cartão azul a Roberto di Benedetto (Gonçalo Alves acertou no poste no livre direto). Nem mesmo em 5×4 os gauleses conseguiram reduzir a distância no marcador e Henrique Magalhães e Hélder Nunes ainda chegaram à goleada (50′).