A líder parlamentar dos comunistas, Paula Santos, faz elogios a Jerónimo de Sousa e rejeita críticas à falta de transparência no processo de eleição do secretário-geral do partido. Sobre falta de lideranças no feminino não se atravessa e prefere retomar o papel que o PCP tem desempenhado “na defesa dos direitos das mulheres e no combate às desigualdades”.
Em entrevista à Rádio Observador, Paula Santos deixa elogios públicos a Jerónimo de Sousa, quebrando o silêncio que vai pautando a Conferência Nacional. O valor do coletivo do PCP é tão forte que nem 18 anos de liderança valem a Jerónimo de Sousa grandes elogios nas intervenções que se vão sucedendo no púlpito. Já Paula Santos, faz questão de “salientar” a importância do papel desempenhado pelo secretário-geral cessante: “Jerónimo de Sousa tem uma experiência de intervenção de enorme valor no partido e no país”.
Falta de democracia interna? “PCP é profundamente democrático”, garante Paula Santos
E se João Oliveira e João Ferreira foram sucessivamente apontados como hipótese para liderança, Paula Santos prefere não se comprometer e não responde se preferia uma solução como Oliveira ou Ferreira ao invés do escolhido Paulo Raimundo. Na resposta, a líder parlamentar usa uma formulação frequente na gíria comunista: “No PCP existe um conjunto vasto de quadros que têm condições para assumir muitas mais responsabilidades.”
Já em relação à opacidade apontada ao processo de escolha e eleição da pessoa que assume o cargo de secretário-geral, a atual líder parlamentar lembra que os estatutos definem que “é o Comité Central do PCP que faz a eleição” do secretário-geral e que “não há nenhum problema com o modo de funcionamento do partido, nem com os seus estatutos ou a forma como se organiza”.
“Quem faz essas afirmações é quem não conhece um partido que é profundamente democrático”, diz Paula Santos, que reafirma a “auscultação” feita aos membros do partido para a escolha do líder.
Com lideranças todas no masculino, Paula Santos descarta que as mulheres não sejam consideradas internamente. “A participação das mulheres é de uma enorme importância. O PCP sempre entendeu e deu enorme valor à participação das mulheres, criou as condições para isso mesmo tem tempos muito difíceis de clandestinidade”.
E se falta uma mulher na liderança, Paula Santos não dá valor ao facto e diz que “não tem dúvidas” de que na liderança de “Paulo Raimundo a defesa dos direitos das mulheres e o combate às desigualdades estarão presentes.”