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Foram registados danos significativos na barragem de Nova Kakhovka depois da saída das tropas russas de Kherson para a margem esquerda do rio Dnipro. A informação foi divulgada pela empresa norte-americana Maxar Technologies, que acompanha o conflito na Ucrânia há vários meses.
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“Imagens de satélite desta manhã revelam novos danos significativos a várias pontes e à barragem de Nova Kakhovka no rescaldo da retirada russa através do rio Dnipro”, refere a empresa num comunicado recebido pela Reuters. Segundo a Maxar Technologies, secções da extensão norte da barragem e portões foram “deliberadamente destruídos”.
New #satellite images (November 11, 2022, 10:25am local time) show significant damage to the Nova Kakhovka dam, near #Kherson, #Ukraine, with sections of the dam and sluice gates destroyed. https://t.co/msSBBI6h7h pic.twitter.com/yYkXOM1SIf
— Maxar Technologies (@Maxar) November 11, 2022
A Rússia e a Ucrânia já tinham trocado acusações, alertando para um possível ataque das forças inimigas. O Instituto do Estudo da Guerra (ISW) chegou a avisar que Moscovo estaria a planear inundar Kherson através de um ataque de “bandeira falsa” à importante barragem. Segundo o think tank norte-americano, os russos poderiam acreditar que a explosão na infraestrutura iria cobrir a sua retirada da margem direita do rio Dnipro, ao impedir ou atrasar os avanços ucranianos através do rio.
As versões ucraniana e russa divergem, como já se tornou habitual. A Ucrânia diz que as forças russas minaram a estrutura em abril, mas adicionaram mais explosivos no mês passado. No sábado, agências estatais russas divulgaram que a barragem tinha sido atingida pelos HIMARS norte-americanos fornecidos à Ucrânia, uma informação que não pode ser verificada de forma independente.
Destruir a barragem e a sua central hidroelétrica, que providencia eletricidade a dezenas de milhares de ucranianos, poderia ser um dos objetivos russos, numa altura em que têm concentrado os seus ataques a infraestruturas elétricas na Ucrânia. No entanto, os analistas referem que não é do interesse de nenhum dos lados destruir a estrutura, uma vez que terá impacto em ambos os exércitos, agora em margens opostas do rio Dnipro.
A Ucrânia nega ter planos de destruir a barragem, uma vez que iria provocar inundações em mais de 80 localidades e “centenas, centenas de milhares de pessoas poderiam ser afetadas”, referiu em outubro o Presidente Volodymyr Zelensky.
Explodir a barragem também não seria benéfico para a Rússia, uma vez que, como refere o The Moscow Times, iria comprometer o fornecimento de água a zonas controladas pela Rússia, incluindo a Crimeia. Além disso, o reservatório da barragem é crucial para providenciar a água necessária a operações na central nuclear de Zaporíjia, atualmente sob controlo das forças russas.
Especialistas ouvidos pelo jornal indicam que explodir a barragem nesta fase não iria trazer vantagens militares significativas para a Rússia. Referem que as inundações seriam provavelmente piores na margem esquerda do rio de Dnipro, para onde as tropas russas atravessaram. “[Destruir a barragem] significaria que a Rússia essencialmente estaria a explodir o próprio pé”, chegou a afirmar o analista Michael Kofman no programa “War on the rocks”.