Um Grande Prémio que começou com o sonho de Kevin Magnussen, que teve um acidente entre Max Verstappen e Lewis Hamilton pelo meio e que acabou com a primeira vitória da carreira de George Russell. No Brasil, na penúltima corrida do Mundial de Fórmula 1, o jovem piloto britânico nunca perdeu a liderança que conquistou ainda na qualificação e garantiu o primeiro triunfo da época para a Mercedes.

Voltando atrás no Grande Prémio e no fim de semana, Magnussen surpreendeu tudo e todos ao conquistar a pole-position da corrida sprint ainda na sexta-feira, tornando-se o 106.ª piloto da história a alcançar o primeiro lugar numa qualificação e ainda o responsável pela primeira pole de sempre da Haas. Mas a ideia de que o dinamarquês dificilmente repetiria o feito no dia seguinte, na corrida mais curta que definiu a grelha de partida para domingo, acabou por confirmar-se.

Verstappen e um adversário chamado escolha de pneus: Russell vence corrida sprint no Brasil, Mercedes fica com primeira linha

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Já no sábado, numa corrida sprint em que Magnussen caiu para 8.º, Verstappen, Russell e Sainz lideraram o ataque à pole-position e o neerlandês parecia partir com alguma vantagem. A escolha pelos pneus médios, porém, traiu a Red Bull — Verstappen foi perdendo várias posições depois de dar muita luta à ultrapassagem de Russell e entrou nas últimas quatro voltas já em 4.º, com Sainz em segundo e Hamilton a assumir a terceira posição. Contudo, devido a uma penalização por troca de motor no Ferrari do espanhol, a Mercedes carimbou mesmo os dois primeiros lugares na grelha do Grande Prémio do Brasil, com George Russell a alcançar a segunda pole-position da carreira e da temporada.

Assim, em Interlagos, Verstappen partia em terceiro e com os dois Mercedes pela frente, seguido por Pérez, Leclerc, Norris e Sainz — e não demonstrava grande otimismo ainda antes do arranque. “Foi bem mais difícil do que aquilo que esperávamos, de alguma forma. Não esperava ter tanta degradação nos pneus. Nem sequer com pneus macios temos sido rápidos o suficiente, estamos claramente com dificuldades em manter os pneus vivos. É algo que temos de tentar tentar corrigir a tempo da corrida. Claro que não há muito que possamos fazer mas não pode piorar mais do que isto… Neste momento, a Mercedes parece impossível de superar. Mas vamos analisar tudo”, atirou o piloto neerlandês ainda no sábado, logo depois da corrida sprint em que Russell e Hamilton forma mais rápidos do que os dois Red Bull.

Ora, no arranque, George Russell não deu hipótese à concorrência e segurou a liderança, com Lewis Hamilton a manter também o segundo lugar apesar do ataque dos Red Bull. O safety car, porém, condicionou a corrida logo na primeira volta: Kevin Magnussen fez um pião numa das primeiras curvas e Daniel Ricciardo não evitou a colisão com o Haas, sendo forçado a abandonar numa fase muito embrionária do Grande Prémio.

No recomeço, depois das voltas travadas pelo safety car para a remoção do McLaren de pista, Russell voltou a segurar muito bem o primeiro lugar e Verstappen e Hamilton tocaram-se quando o neerlandês procurava ultrapassar o britânico. O Red Bull foi forçado a recorrer à box devido aos estragos provocados pela colisão, caindo abruptamente na classificação, e o mesmo aconteceu a Charles Leclerc, que saiu de pista depois de um choque com Lando Norris e também teve de parar. Algumas voltas depois, a direção de corrida anunciou uma penalização de cinco segundos a Verstappen devido ao incidente com Hamilton.

Lá à frente, Russell mantinha-se na liderança e Sainz aproveitou para chegar ao terceiro lugar, atrás de Sergio Pérez, já que Hamilton perdeu posições na sequência do acidente com Verstappen. Contudo, a meio da corrida — e já depois de todo o grupo dianteiro realizar as primeiras paragens –, o britânico da Mercedes já tinha recuperado o segundo lugar. Mais atrás, Verstappen ia demonstrando algumas dificuldades para galgar posições, enquanto que Leclerc parecia ter maior facilidade em fazê-lo: à entrada para as últimas 10 voltas, o Red Bull era apenas 9.º e o Ferrari estava já em 5.º, bem perto do colega de equipa.

Pelo meio, no xeque-mate final de um fim de semana terrível para a McLaren, Lando Norris foi forçado a abandonar devido a problemas no motor. Até ao fim, já pouco mudou: George Russell ganhou e carimbou a primeira vitória da época para a Mercedes, coroada com uma dobradinha graças ao segundo lugar de Lewis Hamilton, e Carlos Sainz fechou o pódio seguido de Leclerc, Alonso, Verstappen e Pérez. Aos 24 anos, o piloto britânico conquistou o primeiro triunfo da ainda curta carreira e escreveu a página mais bonita de um 2022 muito cinzento para a própria equipa — alcançando ainda o inesperado feito de ser o único piloto da Mercedes a ter conseguido vencer este ano.