Os quatro ativistas do movimento “Fim ao Fóssil: Ocupa!”, que foram detidos na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (FLUL) recusaram, esta segunda-feira, suspender provisoriamente o processo, indo, por conseguinte, a julgamento, que está marcado para o próximo dia 29 de novembro.

De acordo com a RTP, o juiz propôs que os alunos não cometessem, nos próximos cinco meses, crimes da mesma natureza que estiveram na origem da detenção. Além disso, os quatro ativistas tinham de cumprir 40 horas de trabalho comunitário.

No entanto, os ativistas pelo clima recusaram esta proposta, preferindo ir a julgamento. “Não aceitámos, porque sentimos que era o silenciamento do nosso movimento”, afirmou Ana Carvalho, uma das detidas. “Queremos que as coisas avancem”, sinalizou à RTP, acrescentando que “o processo pode ser mais complexo”, mas a “nível da pressão política é melhor”.

Questionada sobre o motivo pelo qual os ativistas não abandonaram a Faculdade após a conversas com a direção, Ana Carvalho assinalou que ainda havia o sentimento de que “havia algo para dizer”: “Não íamos sair pelo nosso próprio pé. Um dos nossos princípios é ocupar até vencer. Não íamos sair simplesmente”.

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Tendo como principal bandeira o fim dos combustíveis fósseis até 2030 — algo que a própria ativista reconhece que “a faculdade não pode atender” —, Ana Carvalho sublinha, porém, que a “faculdade, enquanto instituição, tem poder social e político” para que tal se concretize.

Sobre a reunião com o ministro da Economia, António Costa e Silva, marcada para esta terça-feira, Ana Carvalho recusou que já tenha sido uma “vitória”. “Depende do resultado da reunião”, assegurou.

Também à saída do tribunal o advogado de defesa André Ferreira precisou que os jovens vão responder em julgamento por dois crimes, nomeadamente “não dispersão em reunião pública e introdução em local vedado ao público”.

O advogado referiu que os quatro arguidos aguardam julgamento sujeitos a termo de identidade e residência (TIR).

Além de Ana Carvalho, são também arguidos neste processo Mateus Lopes, ‘Nemo’ e ‘Artur’, nomes pelos quais são conhecidos.

Junto ao tribunal, à entrada e saída dos arguidos estiveram cerca de 30 jovens a manifestar a sua solidariedade e a gritar palavras de ordem relacionadas com as questões ambientais, que motivam os protestos que abrangem faculdades e escolas secundárias em Lisboa.