O protagonista de “Regresso ao futuro”, Michael J. Fox, recebeu um Óscar honorário pelo seu trabalho na luta contra a doença de Parkinson, uma doença neurodegenerativa de que padece há perto de trinta anos.

O realizador australiano Peter Weir, a realizadora francesa nascida na Martinica Euzhan Palcy e a cantora e compositora norte-americana Diane Warren foram também galardoados com Óscares honorários.

Michael J. Fox, de 61 anos, recebeu o prémio pelo compromisso humanitário de uma personalidade cinematográfica numa noite de gala em Los Angeles, realizada no sábado à noite, em que muitas personalidades de Hollywood marcaram presença.

“Estão a fazer-me tremer, parem!”, brincou o ator, sendo ovacionado de pé quando considerou o prémio “uma honra totalmente inesperada”.

Michael J. Fox alcançou o estatuto de estrela na trilogia “Regresso ao futuro”, filmada entre 1985 e 1990, e na qual interpretou o adolescente Marty McFly, que viajou no tempo.

Em 1991, aos 29 anos de idade, foi-lhe diagnosticada a doença de Parkinson ao mesmo tempo que foi informado de que teria apenas mais dez anos de vida.

Cerca de 10 milhões de pessoas em todo o mundo sofrem da doença, que afeta a função motora.

Woody Harrelson, que contracenou com Michael J. Fox em “Doutor Sarilhos” na altura em que este fora diagnosticado com Parkinson, disse à audiência da cerimónia de sábado que “não podia acreditar, porque Mike tinha qualidades tão invencíveis e super-humanas”.

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“Nunca usou autopiedade, mas transformou um diagnóstico arrepiante num compromisso corajoso”, acrescentou.

Michael J. Fox ganhou fama na década de 1980 com a série de televisão da NBC “Quem sai aos seus” e tornou pública a sua doença em 1998, quando a série de sucesso “Cidade louca” foi lançada.

Passou à reforma parcial alguns anos mais tarde, dedicando-se à sua fundação para financiar a investigação sobre a doença de Parkinson, angariando mais de mil milhões de dólares por ano.

“Não fiz nada de heróico”, disse Michael J. Fox, no sábado à noite.

O ator, que deixou de atuar em 2020, sofreu múltiplas fraturas ósseas e outras lesões devido a quedas nos últimos meses, exigindo uma cirurgia ao ombro.

Na cerimónia caminhou pelo palco, pedindo à mulher e antiga parceira da “Sagrada Família” Tracy Pollan para o ajudar a carregar a sua estatueta.

Os Óscares honorários são atribuídos por uma realização vitalícia, e desde 2009 têm sido apresentados separadamente da cerimónia principal.

Entre as principais homenageadas estão as atrizes Angelina Jolie e Liz Taylor, e a estrela anfitriã Oprah Winfrey.

A estatueta dourada foi também atribuída no sábado a Diane Warren, cantora e compositora de êxitos como “I Don’t Want to Miss a Thing” dos Aerosmith. A cantora foi nomeada para 13 Óscares, mas nunca ganhou nenhum.

“Tenho muitos discursos amassados nos meus bolsos”, brincou ela, perante os aplausos.

Peter Weir, o realizador australiano de “A testemunha”, “O clube dos poetas mortos” e “The Truman Show- A vida em direto”, fez um raro regresso a Hollywood para receber o seu Óscar.

A realizadora francesa Euzhan Palcy, originária da Martinica, recebeu a estatueta de uma carreira que incluía “Assassinato sob custódia” de 1989, baseada no romance de André Brink sobre o apartheid na África do Sul, com Marlon Brando no elenco.

“As minhas histórias não são nem brancas nem negras, são universais, coloridas”, disse.