A Prevenção Rodoviária Portuguesa (PRP) defendeu esta quarta-feira que o Governo deve tomar medidas para travar os acidentes com trotinetas, apesar da falta de dados em Portugal que caracterizem a sinistralidade destes veículos.

“O Governo devia tomar medidas. Apesar de não existirem dados concretos a nível nacional, devia começar a ser dados alguns passos”, disse à Lusa o diretor-geral da PRP, Alan Areal, sustentando que existe uma preocupação geral sobre os acidentes que envolvem trotinetas.

Alan Areal afirmou que a PRP tem mantido conversas com o Governo e com a Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária sobre esta problemática, mas de uma forma informal.

Em junho, a PRP indicou à Lusa que estava a realizar um estudo junto dos hospitais para averiguar qual a dimensão dos acidentes com trotinetas e que, após esta análise, apresentaria ao Governo um conjunto de propostas para alterar as regras de utilização destes veículos.

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No entanto e segundo o diretor-geral da PRP, este estudo ainda não foi feito porque tem encontrado “algumas dificuldades” na obtenção de dados, nomeadamente nos hospitais, uma vez que os acidentes com trotinetas estão classificados como acidentes rodoviários, e as forças de segurança também não fazem uma caracterização completa.

Segundo a PRP, é necessário saber quantos acidentes ocorrem sob influência do álcool, se há mais homens ou mulheres envolvidos nos acidentes com trotinetas e quais as idades.

Alan Areal avançou que a PRP está a pensar alterar a metodologia do estudo, uma vez que é importante fazer uma análise para que seja apresentada uma proposta ao Governo com base “em evidências (provas) mais realistas”.

O diretor-geral da PRP disse que esta organização tem recolhido dados e analisado estudos internacionais, bem como trocado experiências com congéneres europeias.

Alan Areal lamentou que “não existam regras” e sublinhou que existem algumas medidas que podem ser concretizadas com base em dados internacionais, como a redução da velocidade máxima de 25 para 20 quilómetros, definição da idade mínima para 16 anos, uma vez que atualmente qualquer pessoa pode conduzir uma trotineta, e acabar com a circulação nos passeios.

Segundo dados enviados à Lusa, a PSP registou este ano 489 acidentes envolvendo trotinetas, que provocaram 395 feridos ligeiros e 13 feridos graves, o valor mais elevado desde 2019.

A PSP precisou que em 2019 ocorreram 169 acidentes com 119 feridos ligeiros e três feridos graves, em 2020 foram registados 97 acidentes com trotinetas, que provocaram dois feridos graves e 69 ligeiros, e no ano passado registaram-se 289 acidentes, sete feridos graves e 244 ligeiros.

“Neste período temporal verificámos uma subida do número de acidentes, bem como o aumento da gravidade dos mesmos, atendendo à evolução do número de feridos leves e graves”, refere a PSP, ressalvando que em 2020, devido à pandemia da covid-19 e consequentes restrições e períodos de confinamento, o registo de acidentes é inferior por haver menor tráfego rodoviário.

A Polícia de Segurança Pública salienta também que, na sua atividade operacional, tem-se preocupado em acompanhar a tendência de aumento da utilização das trotinetes e as consequentes questões relativas à segurança rodoviária, uma vez que os condutores partilham as vias de circulação com os restantes veículos motorizados.

PSP apela ainda a todos os utilizadores de trotinetas que o façam com respeito pelos demais utentes da via pública para segurança de todos.