O Presidente da República defendeu esta sexta-feira que não se pode esquecer o 25 de Novembro de 1975 porque é uma data complementar do 25 de Abril de 1974 e só é possível compreender as duas datas em conjunto.

O chefe de Estado falava numa na Sala dos Embaixadores do Palácio de Belém, em Lisboa, numa cerimónia em que condecorou com a grã-cruz da Ordem da Liberdade, a título póstumo, o major-general Pires Veloso e atribuiu à Associação de Comandos o título de membro honorário da Ordem do Infante D. Henrique.

Numa curta intervenção, de seis minutos e meio, recém-chegado do Qatar, Marcelo Rebelo de Sousa justificou a realização desta cerimónia evocativa do 25 de Novembro: “Evocamos uma data muito relevante num processo que é verdadeiramente inseparável daquele outro que se viveu a partir do 25 de Abril de 1974”.

“Não é possível compreender o 25 de Abril de 74 sem compreender o 25 de Novembro de 1975 e não é possível compreender o 25 de Novembro de 75 sem compreender o 25 de Abril 74. E é essa complementaridade que justifica por que é que não podemos esquecer o dia de hoje”, afirmou.

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O Presidente da República referiu que “os mais antigos” recordam “o processo político, o processo económico, social e militar” que se seguiu ao 25 de Abril de 1974 e dominou o ano de 1975 “e depois prosseguiria de forma naturalmente diferente, mais esbatida” em 1976, mas “os mais novos têm uma noção mais distante da História”.

“E aquilo que é importante é recordar essa História, não só para fazer justiça ao passado, como também para olharmos para o presente, para o papel insubstituível das nossas Forças Armadas e prepararmos um melhor futuro”, acrescentou.

Esta cerimónia foi aberta à comunicação social, mas o chefe de Estado e Comandante Supremo das Forças Armadas decidiu não falar para o microfone, o que impediu que as suas palavras fossem captadas com clareza.

Sobre o major-general Pires Veloso, um dos intervenientes do 25 de Novembro, Marcelo Rebelo de Sousa manifestou-se “estupefacto, para não dizer chocado”, por apenas ter recebido “única condecoração, um grau muito baixo da Ordem de Avis”, tendo em conta o seu “papel tão relevante num processo difícil”.

“Havia que reparar esta injustiça. E pareceu-me bem reparar essa injustiça hoje. Portanto, recebe o grau que corresponde àquilo que foi o seu papel e corresponde também às responsabilidades que assumiu num momento tão difícil da vida portuguesa”, declarou.

Sobre os Comandos, o Presidente da República realçou que o seu “serviço longo, longo, que começou bem antes do 25 de Abril de 1974”, já foi reconhecido por sucessivos chefes de Estado.

Marcelo Rebelo de Sousa acrescentou que quis, com a condecoração desta sexta-feira, “sublinhar o papel da associação que os reúne solidariamente” e que cumpre “a missão de reunir gerações e gerações e gerações de militares portugueses, os mais antigos combatentes em África, outros mais recentes estando presentes em forças nacionais destacadas”.

Os acontecimentos do 25 de Novembro, em que forças militares antagónicas se defrontaram no terreno e venceu a chamada ala moderada do Movimento das Forças Armadas (MFA), marcaram o fim do chamado Processo Revolucionário Em Curso (PREC).