“Muitas famílias já não conseguem comprar comida até ao fim do mês” e, com a subida das taxas de juro e a inflação, Pedro Soares dos Santos diz que só vê “o cenário a piorar“. O presidente da Jerónimo Martins, dona da cadeia Pingo Doce, diz que “Portugal está em crise desde que entrou no euro” e acrescenta que “o país não cresce e tem estado a retroceder lentamente”. “As pessoas estão finalmente a perceber isso porque a inflação está a mexer no seu bolso”, diz Soares dos Santos.
O gestor diz, em entrevista ao jornal Expresso, que “gostamos de culpar a guerra, mas ela só acelerou tudo“. O líder do grupo, que também tem operações na Polónia e na Colômbia, salienta que “Portugal é o país onde fazemos mais promoções”, um “modelo [que] tem um peso enorme porque as pessoas têm dificuldades no dia a dia”.
Estamos a estudar um novo formato para o Pingo Doce. Temos de tornar a oferta mais atrativa para um povo em dificuldades. É uma adaptação a uma nova realidade e vai implicar investimentos nas lojas”, diz Pedro Soares dos Santos.
O cenário inflacionista “é algo que já se começava a perceber em setembro do ano passado” e “só não viu quem não quis“. O gestor sublinha, no entanto, que além da inflação “também é a carga de impostos em que a classe média é a mais prejudicada e é a incapacidade das empresas conseguiram inovar e criar riqueza porque o mercado não tem poder de compra”.
“Tenho receio do que se passa em Portugal neste momento”, remata, acrescentando que vê 2023 com “muita preocupação em Portugal“. “Vejo Portugal completamente resignado e as pessoas a tornarem-se subsidiodependentes, um sinal de colapso da economia“, conclui.