O presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva disse na segunda-feira, entrevista à Rádio Universidade de Coimbra, ser contra a redução da idade mínima permitida para votar. Santos Silva diz que baixar a idade do voto para os 16 anos é “demasiado paternalista“, sendo assim uma voz de dentro do PS a criticar a proposta do PSD.

Numa altura em que o processo de revisão constitucional está a começar, com uma proposta do PSD para baixar a idade mínima para votar, Augusto Santos Silva critica o que diz ser um “palavreado paternalista de: ai eles não votam, coitadinhos, vamos baixar a idade da votação para ver se votam mais, vamos permitir o voto eletrónico para ver se votam mais porque não têm de sair do computador”.

Na apresentação da proposta socialista, o secretário-geral António Costa afastou alterações de fundo no funcionamento das instituições e do funcionamento do sistema eleitoral, mas o PSD apresentou não só a proposta de redução da idade para votar como também a mudança do mandato presidencial para mandato único de sete anos.

O presidente do Parlamento eleito pelo PS acrescenta ainda que não se estimula a participação política dos jovens com base em disciplinas onde “as criancinhas sejam obrigadas a decorar a diferença entre as câmaras e as assembleia municipais ou como é que se calculam os mandatos pelo método de hondt“, considerando que esses detalhes vão-se “aprendendo pela vida fora” e que a formação mais necessária é “no método democrático”, promovendo o debate de ideias, “com a certeza que a minoria do momento X será a maioria do momento Y”.

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Augusto Santos Silva, que é também sociólogo, admite que o eleitorado mais jovem possa vir a ser mais abstencionista, mas sublinha que “é difícil dar uma resposta 100% segura”, lançando um apelo em jeito de provocação: “Isto não são os paizinhos a tratar de vocês [os jovens], vocês é que têm que agir, participar e encontrar as mensagens políticas que exprimam as perplexidades da vossa geração”.

O presidente da Assembleia da República lamenta ainda o “aumento da influência do radicalismo de extrema direita entre as gerações mais novas”, mas destaca pela positiva uma “participação cívica muito forte dos jovens de forma geral: em petições, nas novas causas como as alterações climáticas, contra a discriminação ou pelos direitos das minorias”.

Nesta entrevista, Augusto Santos Silva falou ainda sobre o acesso ao Ensino Superior, considerando a habitação como o maior entrave à ida para as universidades e politécnicos, defendendo “uma regulação de mercado, que está muito distorcido contra as pessoas que precisam de alojamento”.