São já conhecidas as 26 instituições contempladas com o prémio Solidário. A esta sétima edição candidataram-se 102 organizações privadas, sem fins lucrativos, com projetos que, de norte a sul do país, pretendem apoiar pessoas em situação de vulnerabilidade.
A iniciativa, da responsabilidade do BPI e da Fundação “la Caixa”, atribuiu mais de um milhão de euros a projetos que criam laços com a comunidade e promovem a coesão comunitária, potenciam a participação cívica e social de jovens, integram imigrantes e apoiam famílias de refugiados, previnem a violência doméstica, facilitam o acesso a medicamentos, promovem a inclusão profissional e empresarial, formam líderes sociais, apoiam negócios sociais ou capacitam tecnologicamente prisões a fim de facilitar a ocupação ou reinserção.
Este ano, cada uma das 26 instituições reconhecidas recebeu, em média, quarenta mil euros. Nas últimas seis edições o prémio Solidário atribuiu quase 5,5 milhões de euros a 155 ideias, beneficiando dessa forma cerca de 35 mil pessoas em situação de vulnerabilidade.
Algumas organizações agora contempladas já foram premiadas em edições anteriores, como o Serviço Jesuíta aos Refugiados (JRS) em Portugal, que somou em 2022 três décadas de trabalho. Vera Marques, gestora de projetos da organização, encara o galardão “como um voto de confiança na missão do JRS de acompanhar, servir e defender refugiados, deslocados à força, e migrantes em situação de particular vulnerabilidade”. De resto, aquela responsável reforça ao Observador que as verbas angariadas nos últimos anos através desta iniciativa têm permitido ao JRS “apostar na criatividade e inovação e trabalhar a capacitação e empregabilidade de refugiados e migrantes, o que acarreta um impacto substancial na sua autonomia sustentável e integração na sociedade portuguesa”.
Melhorar vidas, mudar rumos
“Este prémio já nos permitiu, no passado, acompanhar um conjunto de mulheres migrantes, dotando-as de competências pessoais e profissionais para o trabalho junto da população idosa, com o especial enfoque na área dos cuidados paliativos, em parceria com a Linque, Amara e Lar Casa Nossa Senhora da Vitória”, acrescenta Vera Marques.
Desta vez, o Prémio BPI Solidário vai permitir criar, no Centro Pedro Arrupe, em Lisboa, uma valência de acolhimento do JRS, um espaço para a promoção da interculturalidade e da coesão social da comunidade local. “Este espaço será o ponto central do projeto, que terá como foco a promoção das competências relacionais e profissionais dos participantes, contribuindo para o seu desenvolvimento pessoal e para a sua empregabilidade”, explica Vera Marques. “Isto lançará as bases para uma continuidade e sustentabilidade das atividades propostas, sendo que após o seu término continuará a impactar futuros utentes”.
“Com o apoio do Prémio Solidário 2022, acreditamos que poderemos ir mais longe na nossa intervenção e na promoção da dignidade e da autonomia daqueles que se vêm forçados a deixar tudo para trás e a recomeçar de novo”, diz a gestora de projetos da JRS.
Também o Instituto de Desenvolvimento e Inclusão Social (IDIS), em Gaia, no Porto, é um repetente premiado. Joana Vieira, diretora-geral da instituição desde a sua fundação, em 2015, enfatiza “a forma como tem sido possível, através deste apoio do BPI e da Fundação ‘la Caixa’ aumentar as nossas respostas”. O IDIS trabalha com jovens em risco (os chamados tutelares educativos), com processos criminais, que abandonaram o ensino antes do cumprimento da escolaridade obrigatória.
Muito do trabalho (e abordagem) “passa por uma ocupação positiva dos tempos livres”, conta ao Observador. “O que fazemos é tentar substituir o tempo que ocupado com atividades desviantes com tempo de atividades que sejam estruturadoras de um projeto de vida”, acrescenta.
No primeiro ano (2018) em que foi contemplado com este prémio, o IDIS conseguiu construir uma padaria social, permitindo assim aos jovens “ocuparem o tempo e aprender a trabalhar neste contexto, o que depois facilita a inserção sócio-profissional deles nesta área”, revela Joana Vieira. Mais tarde, através de outro financiamento, “construímos a nossa oficina ‘jovens à obra’ , que entretanto foi recebendo outros prémios e outras subvenções, e que por isso ainda está em funcionamento”. É aí que os jovens fazem a componente de carpintaria, que usam a favor da comunidade.
Com o prémio conquistado em 2022, o IDIS vai fundar uma barbearia social. “Será possível adquirir a infraestrutura física e ter um técnico que ensine os jovens, que estão muito entusiasmados. Sem isso nunca conseguiríamos. A instituição apoia regularmente 65 pessoas mas anualmente abrange cerca de seiscentas, nos vários polos, com intervenções pontuais.
Desde que este prémio foi lançado, em 2016, “o objetivo é sempre “contribuir para a construção de uma sociedade mais inclusiva”, diz o presidente do júri, o sociólogo António Barreto. E é por isso que a finalidade é apoiar projetos que visem facilitar o processo de desenvolvimento integral e inclusão social de pessoas em situação de vulnerabilidade, potenciando as suas capacidades e favorecendo a igualdade de oportunidades.
Instituições privadas sem fins lucrativos premiadas
- AbundantQuotidian Associação (Lisboa): 37.460 euros
- Agência de Desenvolvimento Gardunha 21 (Fundão): 37.120 euros
- Associação de Defesa dos Direitos Humanos de Guimarães: 36.420 euros
- Associação Dignitude (Sintra): 37.500 euros
- Associação dos Albergues Noturnos do Porto: 25.980 euros
- Associação Fernão Mendes Pinto (Montemor-o-Velho): 15.040 euros
- Associação HELPO (Cascais): 32.330 euros
- Associação Humanitária Domus (Braga): 71.250 euros
- Dignificar a Habitação – Associação Nacional de Apoio a Jovens, ANAJOVEM (Coimbra): 37.500 euros
- Associação Pão a Pão (Lisboa): 74.790 euros
- Associação Renovar a Mouraria (Lisboa): 73.250 euros
- Associação Stand4Good – Oportunidades que Mudam Vidas (Porto): 38.420 euros
- Associação U.DREAM PORTUGAL (Gondomar) : 26.420 euros
- CAIS – Associação de Solidariedade Social (Lisboa): 34.780 euros
- Centro de Solidariedade de Braga – Projecto Homem: 24.870 euros
- CDI Portugal (Lisboa): 36.060 euros
- Centro Social e Paroquial São Francisco de Paula (Lisboa): 33.230 euros
- Delegação de Vila Real de Santo António da Cruz Vermelha Portuguesa (Vila Real de Santo António): 35.830 euros
- GAP YEAR PORTUGAL (Carregal do Sal): 29.300 euros
- Gondomar Social – Associação de Intervenção Comunitária: 24.590 euros
- Instituto de Desenvolvimento e Inclusão Social IDIS (Gaia): 28.570 euros
- JRS Portugal – Serviço Jesuíta aos Refugiados (Lisboa): 75.000 euros
- MEERU | Abrir Caminho (Porto): 23.850 euros
- PROACTING – Associação para a Promoção do Empreendedorismo e Empregabilidade (Matosinhos): 41.euross
- SISH – Social Innovation Sportshub – Associação (Oeiras): 35.960 euros
- TESE – Associação para o Desenvolvimento (Lisboa): 44.920 euros
Este artigo faz parte de uma série sobre solidariedade social e é uma parceria entre o Observador, a Fundação “la Caixa” e o BPI. O Prémio Solidário apoia projetos que facilitem o processo de desenvolvimento integral e inclusão social de pessoas em situação de vulnerabilidade, potenciando as suas capacidades e favorecendo a igualdade de oportunidades. As instituições privadas sem fins lucrativos que pretendam candidatar-se à edição de 2023 poderão fazê-lo no início do próximo ano (datas a anunciar).