Carlos García Morales, de 46 anos, mais conhecido por “El Matador”, um dos mais notórios traficantes de droga espanhóis, foi detido pelas autoridades na sequência de uma megaoperação da Polícia Nacional espanhola, com vista a desmantelar uma “perigosa” rede de tráfico de droga mundial, que teria como objetivo “introduzir uma quantidade significativa de cocaína em Espanha”.

Ao todo foram 19 os detidos na sequência da ação policial, que apreendeu ainda 2.600 kg de cocaína e um “arsenal de guerra” de proporções inéditas na Europa. Fontes policiais afirmaram mesmo ao El País que “nem no período do IRA [movimento independentista irlandês] foi visto um arsenal deste tipo”.

Da droga apreendida, cerca de 2.000 kg foram intercetados em águas internacionais nas Caraíbas quando estavam a ser transportados de barco da América do Sul para distribuição em território espanhol. Os restantes 600 quilogramas estavam escondidos num armazém industrial em Siero, na província das Astúrias.

A operação ocorreu ao longo de mais de um ano e terminou há cerca de um mês, mas só foi divulgada esta quarta-feira. Os detidos têm nacionalidade espanhola, mexicana, venezuelana, colombiana e brasileira. De acordo com a investigação, o papel de Garcia Morales na rede de narcotráfico seria essencial, já que era ele o responsável por receber e guardar a droga e armamento e, ao mesmo tempo, garantir o transporte das armas para países da América Latina, através da sua ampla rede de contactos fornecidos, em parte, por membros do crime organizado na Colômbia localizados em território espanhol.

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Esta não é a primeira vez que Garcia Morales se vê a braços com a justiça. Em 2009, viu-se envolvido numa operação de combate ao narcotráfico em Espanha, antes de ser detido em 2011, na Colômbia, e condenado a dez anos de prisão pela prática do mesmo crime. Cumpriu oito anos de pena e, após ser libertado, terá voltado imediatamente às suas atividades criminais.

O armamento apreendido é de origem europeia e está em condições perfeitas de utilização, segundo as autoridades. Entre as armas encontradas contam-se pistolas do tipo Browning (belga) e Beretta (italiana), espingardas como a russa Kalashnikov, lança-foguetes, granadas e outros explosivos e munições variadas.

As autoridades creem haver uma ligação entre as redes de tráfico de drogas e armas, e entre o aumento no tráfico deste tipo de armamento e o conflito entre Ucrânia e Rússia. “Cada vez é mais comum encontrar armas nas operações contra as redes de narcotráfico, o que mostra que são dois mercados que trabalham em paralelo e que agora, com a guerra na Europa, é possível que se estejam a alimentar“, sustentam as fontes policiais.