Todos os jogadores, sem qualquer exceção, levam objetivos para os Campeonatos da Europa, para os Campeonatos do Mundo e até já para a Liga das Nações. Sejam patamares coletivos, metas individuais, comprovativos de regresso ou certezas de emergência, todos os internacionais querem estar a bom nível nas grandes competições para subscrever algum ponto. No caso de João Félix, o objetivo para o Mundial do Qatar era só um: tornar claro que está subaproveitado no Atl. Madrid.

O avançado português chegou ao Campeonato do Mundo depois de um início de temporada complexo, em que arrancou a época num nível muito positivo, quebrou na sequência de uma lesão e não só perdeu a titularidade como passou jogos inteiros sentado no banco e sem entrar. Ouviu dos adeptos e respondeu, não escondeu o desagrado quando não foi lançado na partida da Liga dos Campeões contra o Club Brugge e a relação difícil com Diego Simeone foi repetidamente analisada.

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No fim, na antecâmara do Mundial e numa altura em que João Félix parecia estar a recuperar algum ritmo no Atl. Madrid, tornou-se cada vez mais claro que o internacional português pretende rumar a outras paragens. As conversas com Jorge Mendes foram notícia, Diego Simeone nunca recusou a ideia de o avançado sair já em janeiro e até Enrique Cerezo, presidente dos colchoneros, assumiu que Félix ainda não tinha cumprido as expectativas esperadas e que justificaram o investimento de 126 milhões de euros no verão de 2019.

Neste contexto, o Campeonato do Mundo tornava-se crucial para o jovem avançado se valorizar e colocar-se numa montra para os principais emblemas europeus. E resultou: João Félix só não foi titular contra a Coreia do Sul, quando Fernando Santos aproveitou o apuramento já garantido para gerir o plantel, marcou um golo na partida inaugural contra o Gana e foi dos melhores elementos da Seleção Nacional. Este sábado, no encontro com Marrocos que ditou a eliminação portuguesa, foi mesmo dos principais inconformados e um dos poucos a estar várias vezes perto de marcar — com destaque para um remate brilhante, já na segunda parte, que só não entrou por culpa de uma defesa igualmente brilhante de Bounou.

João Félix aquece mas não joga, o Atl. Madrid ataca mas não marca (e o Club Brugge está nos oitavos da Champions)

E as exibições de Félix, tal como era esperado, chegaram a Madrid. “Vi-o muito bem. É o torneio ideal para ele, curto, em que se vê beleza, velocidade. Onde nos apaixonamos por jogadores como ele. Jogou com muita personalidade, de acordo com aquilo de que a equipa precisava, e esteve nos três golos”, disse Diego Simeone na sequência do jogo da Seleção contra o Gana. Dias depois, foi a vez de o CEO do Atl. Madrid assumir que a saída do jogador português é cada vez mais uma realidade.

“É a maior aposta que o clube fez. Creio que tem um nível mundial máximo mas, devido à relação com o treinador, os minutos jogados, a sua motivação… O mais razoável é analisar se chega alguma opção de saída. O razoável é pensar que vai sair, ainda que adoraria que ficasse. Mas essa não é a ideia do jogador”, revelou Miguel Ángel Gil Marín. O problema, porém, será a quantidade de zeros na proposta.

“Mais lenha para o fogo”: João Félix entra, volta a marcar, pede às bancadas para se levantarem e salva Atl. Madrid da derrota

João Félix custou 126 milhões ao Atl. Madrid, tendo sido a maior contratação da história do clube espanhol, e os colchoneros não estão prontos para abdicar de alguma mais-valia com esse investimento — em resumo, exigem 140 milhões de euros pelo internacional português, um valor que dificilmente alguém estará disponível para desembolsar. De acordo com o jornal Marca, porém, Jorge Mendes já está em campo: e Bayern Munique, Manchester United, Chelsea, Arsenal e PSG surgem como opções credíveis para Félix, com os franceses a beneficiarem de alguma vantagem devido às relações privilegiadas com Luís Campos.

A permanência ou não de João Félix no Atl. Madrid será uma das principais novelas do mercado de inverno, já em janeiro, e o jogador português vai fazer de tudo para forçar a saída dos colchoneros e uma aventura por outras paragens. No Qatar, no Mundial, mostrou que só precisa de estar feliz e de se sentir acarinhado para soltar a magia e a qualidade que nunca desapareceram. E um João Félix feliz e acarinhado de forma permanente, no clube como na Seleção, só podem ser boas notícias para Portugal.