Cinco jogos, três vitórias, duas derrotas — o fim de um sonho. Portugal perdeu com Marrocos nos quartos de final do Mundial do Qatar e voltou a falhar o objetivo de chegar à final de um Campeonato do Mundo, permitindo o histórico e inédito apuramento de uma seleção africana para as meias-finais.

A Seleção Nacional deixa o Qatar com a terceira melhor participação de sempre num Mundial, depois do 3.º lugar em 1966 e do 4.º em 2006 e acima dos oitavos de final de 2010 e 2018 e das eliminações na fase de grupos em 1986, 2002 e 2014. Curiosamente, e mesmo tendo registado o primeiro jogo sem marcar golos num Campeonato do Mundo desde 2014, Portugal despede-se enquanto melhor ataque da competição a par de Inglaterra, com 12 golos apontados.

Até aos quartos de final, a Seleção sofreu seis golos, usou 24 dos 26 jogadores convocados (só os guarda-redes Rui Patrício e José Sá não tiveram minutos), teve em Diogo Costa o único totalista e viu Gonçalo Ramos tornar-se o melhor marcador graças ao hat-trick apontado contra a Suíça. Já Fernando Santos melhorou o registo pessoal com Portugal em Mundiais, depois de não ter ido além dos oitavos de final em 2018, e na zona de entrevistas rápidas analisou a derrota portuguesa.

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“Na primeira parte, essencialmente, sentimos muitas dificuldades. Demorámos muito tempo a entrar no jogo. Os jogadores queriam muito, tinham muita vontade, estavam muito confiantes, mas não conseguiram explanar todo o nosso jogo. Conseguimos situações de golo mas não conseguimos marcar. Os meus jogadores trabalharam muito. Sair do Mundial dói sempre”, explicou o selecionador nacional.

Mais à frente, Fernando Santos explicou o que disse aos jogadores ao intervalo. “Ao intervalo, o empate já era mais do que injusto, apesar de não termos feito uma exibição brilhante, longe disso. Disse aos jogadores para terem a cabeça no lugar, porque a sua capacidade ia dar a volta ao jogo. Era preciso imprimirmos essa velocidade no jogo. Entrámos com essa vontade de criar dinâmicas diferentes, fizemos alterações logo a seguir e fomos conseguindo encostar e criar situações. Nos 10 minutos finais e na compensação entrámos num modo de ansiedade. Circulámos mas faltou tentar algo diferente no último terço. Caímos muito na tentação de cruzar e podíamos ter feito melhor. Mas os jogadores quiseram muito”, acrescentando, garantindo depois que o ruído criado à volta de Cristiano Ronaldo “não teve influência” no grupo e acrescentando que não está arrependido do facto de ter deixado o capitão no banco nas últimas duas partidas.

“Não mudava nada. Em termos de equipa, não posso pensar com o coração. A decisão estratégica que tomei, se for vista pelo coração, se calhar foi das mais difíceis que tomei. Mas tive de pensar com a cabeça e fazer aquilo que achava melhor para a equipa. Pensarem que acho que o Cristiano já não é um grande jogador… Não tem nada a ver com isso”, adiantou o selecionador nacional, que abordou a própria continuidade no comando técnico português.

“Depois de qualquer competição, eu e o presidente [Fernando Gomes, líder da Federação Portuguesa de Futebol] falamos, abordamos o assunto e pensamos no que vamos fazer. Quando regressarmos a Portugal, com serenidade e tempo, iremos conversar sobre o assunto e ver a análise que faremos. Mas isso de apresentar a demissão nem se coloca. Essas questões de demissões, disto ou daquilo, não fazem parte do meu léxico nem do do presidente. Já disse que eu e o presidente falamos sempre disto. Estou aqui desde 2014, falamos sempre do assunto. Não fomos tão longe quanto queríamos, a equipa tem muita qualidade e podíamos ter feito melhor. Os jogadores fizeram de tudo, trabalharam e lutaram muito, mas há jogos em que falta uma pontinha de sorte. E hoje foi o caso”, terminou Fernando Santos, que tem contrato até 2024, ano do próximo Campeonato da Europa.