Pelo menos 16 manifestantes e quatro agentes da polícia ficaram feridos em confrontos na cidade de Andahuaylas, no sul do Peru, país mergulhado numa crise política após a destituição do ex-presidente Pedro Castillo.

A Provedoria do Povo peruano confirmou no sábado o número de feridos, numa publicação na rede social Twitter, na qual recordou à Polícia que “qualquer ação para restabelecer a ordem pública deve ser realizada no âmbito da lei do uso da força”.

O órgão autónomo apelou ainda à população que não recorra à violência nos protestos, exigindo a libertação de Walter Silvera Obregón, um oficial da polícia que tinha sido detido pelos manifestantes.

Mais tarde, também no Twitter, a provedoria confirmou que todos os agentes policiais detidos pelos manifestantes tinha já sido libertados e indicou que o Ministério Público irá investigar os confrontos.

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O órgão garantiu que está a verificar a situação das pessoas detidas pela polícia e a trabalhar com as equipas de saúde para que os detidos que apresentam ferimentos recebam assistência médica adequada.

A provedoria não confirmou qual o motivo da manifestação que levou aos confrontos em Andahuaylas, no departamento de Apurímac.

Vários protestos e bloqueios de estradas têm vindo a registar-se desde quinta-feira na capital, Lima, e em várias cidades do país, incluindo as regiões andinas onde Pedro Castillo, ex-professor no meio rural, beneficia de grande apoio popular.

Os manifestantes têm exigido a libertação de Pedro Castillo e a realização de novas eleições.

A nova Presidente do Peru, Dina Boluarte, vice-presidente até tomar posse na quarta-feira, na sequência da destituição de Pedro Castillo, não descartou a realização de eleições antecipadas.

Boluarte anunciou no sábado o seu governo, que conta com 19 ministros, oito dos quais são mulheres. O antigo procurador especializado no combate à corrupção, Pedro Angulo, também advogado, foi nomeado primeiro-ministro.

Na cerimónia de tomada de posse, Boluarte pediu a cada um dos ministros que jurasse cumprir as suas funções “leal e fielmente, sem cometer atos de corrupção”.

Pedro Castillo está em prisão preventiva por uma semana, acusado pelo Ministério Público dos crimes de “rebelião” e “conspiração”, por ter tentado dissolver o parlamento e convocar novas eleições, poucas horas antes dos deputados votarem uma moção de destituição por “incapacidade moral permanente”.

O Parlamento destituiu mesmo Castillo, acusado de ter intercedido num caso de alegada corrupção praticado por pessoas que lhe são próximas.

Na primeira declaração pública desde a destituição, Castillo acusou o Ministério Público, o parlamento e a atual presidente, Dina Boluarte, de dirigirem um “plano maquiavélico” para o afastar do poder.