Se a Câmara Municipal de Lisboa decidir avançar com a alteração do modelo da taxa turística para reforçar o investimento na habitação contará com a oposição da AHP — Associação da Hotelaria de Portugal. A vice-presidente executiva da organização defendeu esta quinta-feira que essa ideia seria “uma aposta profundamente errada”.

À margem da apresentação de dois inquéritos acerca do impacto da Web Summit na hotelaria e das perspetivas para o Natal e para a passagem de ano, Cristina Siza Vieira afirmou que “a taxa turística não nasceu para fins sociais” e adiantou que a AHP pediu esclarecimentos ao presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas.

O sistema que está estabelecido desde que a taxa foi criada [em 2016] tem dado muitos e bons proveitos”, acrescentou, defendendo que a Associação da Hotelaria de Portugal não acredita que a autarquia lisboeta “careça dessa verba” para poder resolver o “problema” da habitação.

“Seguramente não é pela alocação da receita turística que se vai resolver um problema” que tem que ser “atacado de frente”, disse Cristina Siza Vieira. Para a vice-presidente executiva a alteração do modelo da taxa turística para o reforço do investimento na habitação “não resolve absolutamente nada”: “Não é por aí que se consegue que os residentes de Lisboa cá fiquem”.

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Foi no final do mês de novembro que o vice-presidente da Câmara de Lisboa, Filipe Anacoreta Correia, ao afirmar que a área da habitação era prioritária admitia alterar o modelo da taxa turística —em que prevê arrecadar este ano uma receita de 32 milhões de euros. A taxa turística, atualmente de dois euros na capital, é aplicada sobre as dormidas de turistas nos hotéis e em alojamento local.

A possibilidade de usar essas receitas na habitação foi defendida pelos deputados municipais Vasco Barata (BE) e Miguel Coelho (PS), mas já recebeu a oposição de Carlos Reis, do PSD, que a chegou a considerar “ilegal” e que defendeu que o “problema da habitação não se resolve com mais impostos”.