As tempestades que afetaram o país na semana passada podem ter causado constrangimentos no reporte eletrónico dos episódios de urgência, admite a Direção-Geral da Saúde (DGS). As autoridades de saúde falam de uma “ligeira diminuição da proporção de episódios de urgência hospitalar por síndrome gripal”, mas alertam que o valor “poderá ser revisto face a possíveis constrangimentos no reporte eletrónico, decorrente das intempéries ocorridas esta semana”.

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A informação foi avançada esta sexta-feira pela Direção-Geral da Saúde (DGS) num novo relatório semanal que será publicado às quintas-feiras e que resumirá a evolução das infeções respiratórias agudas e os potenciais efeitos do frio na saúde da população. Este documento substitui o relatório semanal de monitorização da situação epidemiológica da Covid-19 e o relatório de situação.

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A maioria dos casos registados nas urgências são crianças e jovens adultos, embora os valores tenham sido inferiores aos de épocas anteriores em todos os grupos etários. Houve mais episódios de urgência por síndrome gripal a necessitar de internamento.

Os internamentos por Covid-19 nas unidades de cuidados intensivos, no entanto, diminuíram; e também houve um decréscimo de casos reportados de gripe naquele serviço. Ainda assim, e apesar de uma diminuição nos internamentos em enfermaria por infeção pelo vírus sincicial respiratório em crianças com menos de dois anos, os valores “mantêm-se elevados”.

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DGS repete pedido para os serviços de saúde ativarem planos de contingência

As autoridades de saúde também recomendaram “o reforço da comunicação” das orientações comunicadas aos serviços de saúde “para ativar as medidas previstas nos respetivos planos de contingência, de forma a responder ao aumento da procura dos serviços de saúde”. Isso implica uma “adequação das escalas de recursos humanos, alargamento de horários e ajuste da atividade programada”, exemplifica.

O alerta surge numa altura em que se registou, na semana em análise, “um aumento da proporção de consultas por infeções respiratórias nos cuidados de saúde primários do Serviço Nacional de Saúde”  em comparação com os sete dias anteriores, entre 28 de novembro e 4 de dezembro. Também houve um aumento dos atendimentos triados pelo do SNS24 e das chamadas recebidas pelo INEM face à semana anterior.

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Mortalidade acima do esperado no Norte, Lisboa e entre os mais idosos

A mortalidade geral, independentemente das causas, esteve acima do esperado para a época do ano na semana entre os dias 5 e 11 de dezembro nas regiões Norte e Lisboa e Vale do Tejo, assim como no grupo etário com 85 ou mais anos.

De acordo com a DGS, o facto de a mortalidade por todas as causas estar acima do expectável na faixa etária das pessoas mais idosas e em duas regiões de Portugal Continental coincide com o aumento da incidência das infeções respiratórias observado nas últimas semanas. Houve uma tendência crescente de mortalidade específica por Covid-19, mas continua abaixo do limiar recomendado pelo Centro Europeu de Controlo de Doenças (ECDC).

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Gripe “baixa a moderada”, mas com menos cobertura vacinal que o recomendado

Segundo o relatório, a atividade epidémica da gripe está a ser de intensidade “baixa a moderada, com tendência crescente”. Ao nível da região europeia, a atividade gripal ultrapassou o limiar epidémico de 10% de positividade — ou seja, em cada 100 testes à infeção pelo vírus da gripe, mais de 10 resulta positivos.

Embora ambos os vírus influenza do tipo A e do tipo B foram detetados na Europa, mas o subtipo A(H3) revelou-se dominante nos sistemas de vigilância sentinela europeus — assim como em Portugal. Mas, pela primeira vez nesta época grital, o vírus A(H1)pdm09 foi considerado dominante nos sistemas de vigilância não sentinela.

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O subtipo A(H3) está “associado a maior gravidade nas populações mais vulneráveis“, informa a DGS, avisando que a cobertura vacinal contra a gripe, que é de 72%, está próxima (mas não alcança) a recomendada pelo ECDC e a Organização Mundial de Saúde (OMS) nos grupos etários com 65 ou mais anos — 75%. Mesmo assim, ela é considerada “elevada”.

De acordo com as autoridades de saúde nacionais, a notificação de casos de infeção por SARS-CoV-2 está a diminuir. A variante Omicron BA.5 manteve-se dominante, mas aumentou a prevalência da sub-linhagem BQ.1.