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A NATO está convencida de que a Rússia se prepara para uma longa guerra com a Ucrânia, até que o Presidente russo, Vladimir Putin, perceba “que não pode vencer no campo de batalha”.
O secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, disse esta sexta-feira que “nada indica que Putin tenha desistido do seu objetivo de controlar a Ucrânia” e “não se deve subestimar a Rússia”, concluindo que o Kremlin “se está a preparar para uma longa guerra”.
“Vemos que eles estão a mobilizar mais forças, que também estão prontos para sofrer muitas perdas, que estão a tentar obter acesso a mais armas e munições”, explicou Stoltenberg.
“Provavelmente, esta guerra terminará na mesa de negociações, como a maioria das guerras”, disse o líder da NATO, defendendo que qualquer solução deve garantir que “a Ucrânia prevalece como nação soberana e independente”.
“A maneira mais rápida de fazer isso é apoiá-los militarmente, para que o Presidente Putin entenda que não pode vencer no campo de batalha, mas antes terá de se sentar e negociar de boa-fé”, acrescentou Stoltenberg.
O secretário-geral da NATO assegurou que “está em andamento uma discussão” para a entrega de mais material militar por parte dos Estados Unidos, incluindo mísseis Patriot, mas sublinhou que os aliados devem garantir que há munições e peças sobressalentes suficientes para que as armas enviadas até agora continuem a funcionar.
“Temos um diálogo entre aliados sobre sistemas adicionais, mas é cada vez mais importante garantir que todos os sistemas entregues sejam funcionais”, explicou Stoltenberg.
“Estamos a aumentar a nossa produção para esse propósito específico, para que possamos reabastecer os nossos próprios meios de dissuasão e defesa, continuando a apoiar a Ucrânia no longo prazo”, acrescentou o líder da Aliança Atlântica.
Stoltenberg reconheceu que “esta é a crise de segurança mais perigosa” que a Europa atravessa desde a Segunda Guerra Mundial, garantindo que, apesar de um recente declínio nas ameaças nucleares de Putin, a Aliança permanece “vigilante” perante as palavras e atitudes de Putin.
“A retórica nuclear, com referências ao uso potencial de armas nucleares, é imprudente e perigosa“, insistiu o líder da NATO.
Esta sexta-feira, o chefe de Estado Maior das Forças Armadas ucranianas, Valery Zaluzhny, admitiu que um grande ataque russo poderá ocorrer em fevereiro ou março, na melhor das hipóteses, ou até já em final de janeiro.
“Não tenho dúvidas de que eles tentarão a sorte novamente em Kiev”, garantiu o Zaluzhny em declarações à revista Economist.
Esta tese está a ser corroborada por alguns analistas militares, como é o caso do russo independente Alexander Khramchikhin, que admite que o Kremlin esteja a preparar uma nova incursão sobre a capital ucraniana.
Contudo, Khramchikhin avisa que, da próxima vez, a Rússia terá de preparar melhor os seus planos, para evitar o insucesso da primeira incursão, no final de fevereiro.
“Claramente, tudo terá de ser melhor pensado. Sem esta ideia maluca de que tudo vai acontecer (sem luta), como aconteceu na anexação da Crimeia, em 2014”, explicou o analista.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de mais de 14 milhões de pessoas – 6,5 milhões de deslocados internos e mais de 7,8 milhões para países europeus –, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A invasão russa – justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de “desnazificar” e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia — foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.