Um país com menos Estado, menos impostos e mais dinheiro disponível no setor privado tornaria possível a Portugal “dobrar o rendimento” da economia em 10 anos, defende António Horta-Osório. “Quando olhamos para o que devíamos fazer percebemos que não é um problema de capacidade. Acho que está mais relacionado com se queremos ou não crescer”, aponta.

Numa conferência organizada pelo Diário de Notícias, o ex-banqueiro – que hoje ocupa cargos não-executivos em várias empresas – defendeu que é fundamental para o país deixar de lado as questões partidárias e definir, com consensos prolongados no tempo, o rumo a seguir. E na estratégia deve estar uma aposta forte na inovação com mais apoios públicos. “Acho que os apoios públicos devem ser dirigidos prioritariamente à inovação“, defendeu.

Horta Osório defende que Portugal devia ser um país com menos Estado e mais dinheiro disponível para o setor privado, que considera ser o motor do crescimento. “Acredito que o setor privado e as pessoas terem mais dinheiro nos seus bolsos é aquilo que, a prazo, produz mais riqueza“, sublinha.

Por outro lado, seria essencial uma maior aposta nas exportações, um área onde “podemos sempre fazer mais” – estimular a concorrência é, também, fundamental, defendeu o ex-banqueiro que liderou a recuperação do banco britânico nacionalizado Lloyds.

O ex-banqueiro também defendeu que Portugal deve continuar a apostar na redução da dívida pública. “A dívida sobre o produto [interno bruto] francês está à volta dos 115%. Penso que temos a possibilidade de, em 2023 ou em 2024, ficarmos com a dívida sobre o produto abaixo do rácio francês”, perspetiva. “Se ficarmos abaixo da França, ficamos noutro campeonato“, atirou.

Sobre a situação atual, Horta Osório defendeu que a inflação a que “a maior parte dos portugueses já não está habituada” será um dos principais obstáculos, já que é um “péssimo imposto, um custo cego para as pessoas e provoca imediatamente assimetrias”. Isto porque, alerta, “é muito pior para quem tem menos posses“.

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