Isabel Santos, eurodeputada do PS, voltou a ser envolvida no chamado “Qatargate”, após o jornal belga Le Soir ter noticiado que “apoiou um pedido de financiamento”  junto do comité de Negócios Estrangeiros do Parlamento Europeu à ONG Fight Imunity, da qual era membro honorária. Horas depois de o caso ser noticiado em Portugal, Isabel Santos diz, em comunicado enviado às redações, que é “completamente falso que tenha avalizado, apoiado ou incentivado financiamento seja a que organização for nomeadamente à associação em causa.”

A eurodeputada vai ainda mais longe a dizer que, tanto quanto é do seu “conhecimento”, o “Parlamento Europeu não atribuiu qualquer verba à Fight Impunity”. A notícia do Le Soir tinha detalhes sobre os atos que a eurodeputada portuguesa agora nega: desde logo dizia que a deputada, em conjunto com outra eurodeputada, tinha apoiado um financiamento de 175 mil euros para a ONG envolvida no Qatargate que chegou, em parte, a ser pago.

Uma fonte não identificada citada pelo mesmo jornal dizia que o financiamento foi concedido era uma opção rara para valores dessa ordem no caso de uma ONG tão recente: “Nem para ONGs já bem conhecidas é óbvio” que o financiamento seja concedido.

Uma tranche de 43.750 euros teria sido, aliás,, paga em fevereiro de 2021, apenas um ano e meio após a criação da ONG pelo antigo eurodeputado italiano Pier Antonio Panzeri, que está no centro do escândalo de corrupção. A ONG nunca teria chegado a constar do registo de transparência do Parlamento Europeu, apesar de ter conseguido garantir o financiamento destinado a um projeto-piloto.

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Agora, Isabel Santos vem negar estas informações num comunicado enviado às redações. Escreve a eurodeputada do PS que “no que diz especificamente respeito ao projeto-piloto de criação de um observatório de combate à impunidade”, tanto quanto é do seu conhecimento “ainda não foram sequer abertas candidaturas pela Comissão Europeia para a implementação do aludido projeto e por isso não poderia ter sido atribuído qualquer financiamento, fosse a que organização fosse.”

Isabel Santos escreve ainda que “tais financiamentos são sempre sujeitos a um processo de candidatura e seleção geridos pela Comissão, em que o Parlamento Europeu não têm influência.” E conclui: “Por isso, é falso que eu tenha ajudado a financiar a Fight Impunity.”

Como o Observador noticiou, quando o escândalo rebentou e surgiram notícias que apontavam para o envolvimento da Fight Impunity e de Antonio Panzeri no caso de corrupção que atingiu o Parlamento Europeu, a eurodeputada do PS pediu para ser destituída do conselho honorário da ONG, dizendo-se “chocada e surpreendida com as alegadas ligações entre o presidente da associação e o processo judicial em curso”.

“Chocada e surpreendida”. Eurodeputada do PS pede para abandonar ONG no centro de escândalo de corrupção

Isabel Santos frisava, nessa altura, que toda a sua participação nas atividades da Fight Impunity acontecera em regime pro-bono e que nunca participara, no âmbito da ONG, em discussões sobre o Qatar. Agora, volta a reiterar que nunca assumiu “qualquer função executiva, de gestão ou de representação dessa associação, apenas participei em algumas sessões ou conferências públicas, num relatório anual e o meu contributo foi sempre prestado a título gracioso.”

Artigo atualizado às 20h07 com esclarecimentos da eurodeputada Isabel Santos sobre a notícia avançada pelo jornal belga Le Soir