O Presidente da República falou este sábado no Palácio de Belém no segundo de três eventos que tinha agendado para a véspera de Natal e aproveitou para revelar um quarto momento público: vai deslocar-se a Odemira na companhia da ministra Adjunta, Ana Catarina Mendes. Na cerimónia de apresentação da “Luz da Paz de Belém”, do Corpo Nacional de Escutas, Marcelo Rebelo de Sousa alertou que “temos várias Odemiras no nosso país”, tal como muitos outros países e que essas “Odemiras têm aspetos positivos e aspetos complicados”.

Odemira, que é o maior concelho do país em termos de território, tem uma população residente de mais de 40% de imigrantes e foi lá que foram denunciadas situações precárias durante a pandemia. Atento às condições dos “nossos próximos”, Marcelo deixou um alerta sobre os mais pobres do país, onde se incluem os imigrantes: “Estas crises batem fundo. A inflação não é só números. A inflação significa um corte nos salários, um corte nos rendimentos. Um empobrecimento. E quanto mais alta for, maior é esse empobrecimento.”

Para Marcelo, a ida a Odemira (onde tinha prometido que “ia até ao final do ano”) significa também “ir a esses próximos, que vêm de não sem quantos países, que falam não sei quantas línguas, têm não sei quantas culturas, vêm o mundo de formas muito diferentes, que são os nossos próximos.”

O dia de Marcelo vai terminar — pelo menos por enquanto, dada a imprevisibilidade que caracteriza a agenda do chefe de Estado — com uma ginginha no Barreiro. Esta é, aliás, uma tradição natalícia do atual Presidente.

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“Aquilo que hoje vivemos aqui é Portugal”

Já em Odemira, para esse encontro com imigrantes, e acompanhado pela ministra Ana Catarina Mendes, Marcelo Rebelo de Sousa justificou a visita com a necessidade de “mostrar como é Portugal”. “E aquilo que hoje vivemos aqui é Portugal“, afirmou, quando questionado sobre o “significado” de passar o dia de Natal num dos concelhos com maior presença de trabalhadores imigrantes.

“Tenho a minha família em Portugal, já ontem vivemos o Natal. Depois tenho a família militar, como comandante supremo das Forças Armadas, partilhei um pouco na Roménia”, indicou. Mas dentro da “ampla” família portuguesa quis mostrar uma das realidades em Portugal. Marcelo Rebelo de Sousa frisou como Portugal “está cheio de imigrantes”, mas também “emigrantes lá fora”. “Uns e outros com problemas. Fazem parte das nossas vidas”, disse.

Questionado sobre se considera que a atuação das autoridades tem sido menos intensa agora do que durante a pandemia, quando vieram a público vários casos de contágio impulsionados pelas precárias condições de habitação, o Presidente da República responde que as pessoas “acordaram um bocadinho” para a situação, incluindo para a necessidade de legalização, mas também para a burocracia associada ao processo. “A resposta que está a ser dada está a ser rápida e as pessoas perceberam que tinham de mudar de comportamento porque o desafio era novo e enorme. Há um princípio fundamental que é assegurar a dignidade da vida das pessoas”, afirmou.