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O secretário-geral da Organização das Nações Unidas não rejeita um papel de mediação no conflito entre a Rússia e a Ucrânia. Ao Observador, o gabinete de António Guterres na ONU assegura que o alto responsável apenas poderá mediar se todas as partes assim o quiserem.
“Como o secretário-geral já referiu no passado, ele apenas pode mediar [o conflito] se todas partes o aceitarem”, explica o gabinete do secretário-geral quando questionado sobre as declarações do ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano, Dmytro Kuleba, que elogiou António Guterres por ser um “mediador e um negociador eficiente”, frisando que gostava de contar com a sua “participação ativa” numa eventual mesa de negociações.
O chefe da diplomacia ucraniana propôs, numa entrevista à Associated Press, a realização de uma cimeira de paz até final de fevereiro, que ocorreria na ONU e contaria com a participação “ativa” de António Guterres. “As Nações Unidas podem ser o melhor local para realizar esta cimeira, porque não se trata de fazer um favor a um determinado país. Trata-se realmente de trazer todos a bordo”, explicou Dmytro Kuleba.
No entanto, o ministro ucraniano sublinhou que a Rússia apenas seria convidada se aceitasse ser processada por crimes de guerra num tribunal internacional. “Os russos só podem ser convidados dessa maneira.” Para mais, Dmytro Kuleba duvida que o Kremlin queira encetar negociações: “Eles dizem que estão prontos para negociar, mas isso não é verdade, porque tudo o que eles fazem no campo de batalha mostra o oposto.”
Do lado do Kremlin, ainda não houve nenhuma reação oficial a esta cimeira da paz proposta pela Ucrânia. Apenas Dmitry Polyansky, diplomata russo nas Nações Unidas, criticou a iniciativa ucraniana. “Como é que pode ser feita uma ‘cimeira da paz’ sem a Rússia. É mais fácil imaginá-la sem a Ucrânia”, atirou na sua conta do Telegram.