Apesar de muito crítico sobre a atuação do Governo nestes últimos 11 meses, Luís Montenegro entende que este não é o momento para dissolver a Assembleia da República. “Este não é tempo de abrirmos uma crise política em cima de uma crise social”, sublinhou o líder social-democrata.
No entanto, Montenegro fez questão de deixar uma garantia: “O PSD não tem pressa de ir para o Governo. Mas, se essa hora chegar, estaremos preparados e não faltaremos à chamada. Não nos resignamos a pântanos, a bancarrotas e ao empobrecimento.”
Falando publicamente sobre a crise governativa, Montenegro, que estava de férias no México quando o caso Alexandra Reis explodiu, fez questão de se colar à mensagem de Ano Novo de Marcelo Rebelo de Sousa, que lembrou que só o PS pode desbaratar a “estabilidade política” e a “maioria absoluta” que os portugueses lhe concederam.
Para Montenegro, “foi um ano de brutal instabilidade política e “é o PS, sozinho, a desmerecer esta oportunidade única [de maioria absoluta]”. “Ou o Governo muda de vida ou os portugueses exigirão mudar de Governo”.
Insistindo várias vezes que o PSD respeita a “vontade” popular, Montenegro acusou Costa de ser o “único responsável” pela crise política, estendendo a culpa também aos “acólitos e indisfarçáveis aspirantes” a sucessores do líder socialista — uma referência evidente a Pedro Nuno Santos.
Fernando Medina, no entanto, seria o maior alvo de Luís Montenegro. “O Governo perdeu ministro das Finanças. Fernando Medina perdeu a sua autoridade política. É um peso morto. Se fosse primeiro-ministro, o ministro das Finanças sairia do Governo”, atirou, dizendo que Medina ou foi grosseiramente negligente ou está a mentir, o que seria um atestado de “inaptidão para ser membro do Governo”.
Ainda sobre a TAP, Montenegro apertou a porta de saída à administração da companhia aérea. “Não tem condições para continuar”, disse, fazendo, mais uma vez, a ressalva: “Se essa é a escapatória para manter o ministro das Finanças, é manifestamente insuficiente”.
Quanto à promoção de João Galamba e Marina Gonçalves a ministros, o social-democrata perdeu pouco tempo em considerações sobre as personalidades em si e recentrou o ataque na figura de António Costa.
“No momento da maior crise do Governo, o primeiro-ministro desapareceu. Não deu explicações. Vai reaperecer hoje, de braços caídos, a ir ao banco de reservas fazer uma remodelação que em bom rigor nem isso é. Não entra ninguém novo no Governo na altura mais crítica do Governo. António Costa perdeu a capacidade de recrutamento. Estas promoções são ir buscar aparelho ao aparelho. Ninguém sabe que Governo é este.”
Outra nota que fica da conferência de imprensa: o PSD ainda não fechou a sua posição sobre a moção de censura proposta pela Iniciativa Liberal, que deverá ser votada esta quarta-feira. O líder social-democrata terá ainda uma reunião com o grupo parlamentar, na terça-feira, e só depois fechará uma decisão. Ainda assim, pela forma como argumentou contra a dissolução da Assembleia da República, é pouco provável que o PSD alinhe nesta moção de censura.