Siga aqui o nosso liveblog da guerra na Ucrânia

O pedido partiu da Rússia. Entre o meio-dia de 6 de janeiro e a meia-noite de 7 de janeiro – altura em que os ortodoxos celebram o Natal – Moscovo anunciou um cessar-fogo unilateral na Ucrânia. Depois dos bombardeamentos russos na véspera de Natal e da vaga de ataques com mísseis e drones no Ano Novo, a Ucrânia não parece inclinada a aceitar um período de tréguas.

“Guardem a hipocrisia para vocês”. Esta é a mensagem que um dos conselheiros do Presidente Volodymyr Zelensky deixa ao Kremlin. “A Ucrânia não ataca território estrangeiro e não mata civis, como a Federação Russa. A Ucrânia destrói apenas os membros do exército invasor no seu território”, começou por escrever Mykhailo Podolyak numa publicação divulgada na conta oficial de Twitter.

A hipótese de um cessar-fogo, acrescenta, só está em cima da mesa se as tropas russas saírem dos territórios ocupados: “Só assim haverá uma ‘trégua temporária'”.

Também o ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia, Dmytro Kuleba, rejeitou o cessar-fogo anunciado pela Rússia como uma opção viável. “Não pode e não deve ser levado a sério”, escreveu no Twitter.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

O diplomata ucraniano recorda que o Presidente Zelensky propôs uma fórmula de paz, uma receita de dez pontos, ou melhor, exigências para pôr um ponto final à guerra. A Rússia, porém, preferiu “ignorá-la”, defende.

O secretário da defesa nacional e do conselho de defesa ucraniano também rejeitou a proposta russa, deixando um aviso. “Vamos morder-vos no silêncio cantante da noite ucraniana”, prometeu Oleksiy Danilov, no que parece ser uma alusão aos ataques russos durante a noite.

“Como é que um bando de demónios mesquinhos do Kremlin se relaciona com um feriado cristão? Quem é que vai acreditar na escumalha que mata crianças, bombardeia maternidades, hospitais e tortura prisioneiros?“, questionou. Para Danilov, a hipótese de um cessar-fogo não passa de mentiras e hipocrisia da Rússia.

A trégua foi anunciada esta quinta-feira pelo chefe de Estado russo, Vladimir Putin, na sequência de um pedido do Patriarca Kirill, o líder da Igreja Ortodoxa russa. No seu site oficial, a Presidência russa pediu ao lado ucraniano que siga este exemplo e dê aos soldados e cidadãos ortodoxos a oportunidade de celebrar o Natal. Por agora, no coro de críticas à proposta ainda não se fez ouvir a voz de Zelensky.

Patriarca Kirill pede à Ucrânia e à Rússia que façam uma pausa na guerra para cristãos ortodoxos celebrarem o Natal. Putin aceitou

De recordar que o Kremlin recusou a possibilidade de uma trégua no Natal, depois de Zelensky ter sugerido que as tropas russas aproveitassem esse período para iniciar a retirada. Na véspera do dia 25 de dezembro, as autoridades ucranianas denunciaram um bombardeamento russo, que provocou pelo menos oito mortos e 58 feridos. Já no último dia do ano, novos ataques provocam três mortes, com a Força Aérea a divulgar que abateu 45 drones.