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O pedido partiu da Rússia. Entre o meio-dia de 6 de janeiro e a meia-noite de 7 de janeiro – altura em que os ortodoxos celebram o Natal – Moscovo anunciou um cessar-fogo unilateral na Ucrânia. Depois dos bombardeamentos russos na véspera de Natal e da vaga de ataques com mísseis e drones no Ano Novo, a Ucrânia não parece inclinada a aceitar um período de tréguas.
“Guardem a hipocrisia para vocês”. Esta é a mensagem que um dos conselheiros do Presidente Volodymyr Zelensky deixa ao Kremlin. “A Ucrânia não ataca território estrangeiro e não mata civis, como a Federação Russa. A Ucrânia destrói apenas os membros do exército invasor no seu território”, começou por escrever Mykhailo Podolyak numa publicação divulgada na conta oficial de Twitter.
First. Ukraine doesn't attack foreign territory & doesn't kill civilians. As RF does. Ukraine destroys only members of the occupation army on its territory…
Second. RF must leave the occupied territories – only then will it have a "temporary truce". Keep hypocrisy to yourself.— Михайло Подоляк (@Podolyak_M) January 5, 2023
A hipótese de um cessar-fogo, acrescenta, só está em cima da mesa se as tropas russas saírem dos territórios ocupados: “Só assim haverá uma ‘trégua temporária'”.
Também o ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia, Dmytro Kuleba, rejeitou o cessar-fogo anunciado pela Rússia como uma opção viável. “Não pode e não deve ser levado a sério”, escreveu no Twitter.
President @ZelenskyyUa has proposed a clear Peace Formula of ten steps. Russia has been ignoring it and instead shelling Kherson on Christmas Eve, launching mass missile and drone strikes on New Year. Their current “unilateral ceasefire” can not and should not be taken seriously.
— Dmytro Kuleba (@DmytroKuleba) January 5, 2023
O diplomata ucraniano recorda que o Presidente Zelensky propôs uma fórmula de paz, uma receita de dez pontos, ou melhor, exigências para pôr um ponto final à guerra. A Rússia, porém, preferiu “ignorá-la”, defende.
O secretário da defesa nacional e do conselho de defesa ucraniano também rejeitou a proposta russa, deixando um aviso. “Vamos morder-vos no silêncio cantante da noite ucraniana”, prometeu Oleksiy Danilov, no que parece ser uma alusão aos ataques russos durante a noite.
“Como é que um bando de demónios mesquinhos do Kremlin se relaciona com um feriado cristão? Quem é que vai acreditar na escumalha que mata crianças, bombardeia maternidades, hospitais e tortura prisioneiros?“, questionou. Para Danilov, a hipótese de um cessar-fogo não passa de mentiras e hipocrisia da Rússia.
How does a pack of petty kremlin devils relate to a Christian holiday? Who will believe scum that kills children, bombards maternity hospitals, tortures prisoners? A ceasefire? Lies and hypocrisy. We will bite you in the singing silence of the Ukrainian night.
— Oleksiy Danilov (@OleksiyDanilov) January 5, 2023
A trégua foi anunciada esta quinta-feira pelo chefe de Estado russo, Vladimir Putin, na sequência de um pedido do Patriarca Kirill, o líder da Igreja Ortodoxa russa. No seu site oficial, a Presidência russa pediu ao lado ucraniano que siga este exemplo e dê aos soldados e cidadãos ortodoxos a oportunidade de celebrar o Natal. Por agora, no coro de críticas à proposta ainda não se fez ouvir a voz de Zelensky.
De recordar que o Kremlin recusou a possibilidade de uma trégua no Natal, depois de Zelensky ter sugerido que as tropas russas aproveitassem esse período para iniciar a retirada. Na véspera do dia 25 de dezembro, as autoridades ucranianas denunciaram um bombardeamento russo, que provocou pelo menos oito mortos e 58 feridos. Já no último dia do ano, novos ataques provocam três mortes, com a Força Aérea a divulgar que abateu 45 drones.