As escolas públicas de Seattle, nos Estados Unidos, decidiram processar uma série de tecnológicas responsáveis por serviços de redes sociais, defendendo que estas empresas estão a criar uma “crise de saúde mental na juventude americana”. Empresas como a Meta, responsável pelo Facebook e Instagram, a ByteDance, dona do TikTok, a Google, que detém o YouTube, e a Snap, do Snapchat, estão a ser alvo deste processo. Ficou de fora outra rede social, o Twitter.

O processo, que tem 91 páginas, foi apresentado na sexta-feira passada, 6 de janeiro, num tribunal norte-americano. As diferentes empresas são acusadas de “operar as suas plataformas de forma a explorar psicologicamente e neurologicamente os seus utilizadores a gastarem mais e mais tempo” nestas redes sociais, recorrendo a técnicas que são “tanto particularmente eficazes como perigosas para uma audiência mais jovem”.

As empresas são acusadas de terem “cultivado uma crise de saúde mental” nos mais jovens para “lucro”. “Os jovens são centrais para os modelos de negócio” das empresas de redes sociais, defendem os queixosos, uma vez que esta faixa de população tem “maior probabilidade de ter um telefone, usar redes sociais e ter mais tempo livre para passar nas plataformas de redes sociais”.

As plataformas sociais também são acusadas de “explorarem com sucesso os cérebros vulneráveis dos jovens, viciando dezenas de milhões de estudantes e todo o país para ficarem num ciclo de ‘feedback’ positivo por uso excessivo e abuso das plataformas de redes sociais dos réus”, é possível ler no processo. A este fator junta-se a exposição a conteúdos considerados perigosos, como planos de dieta extremos ou outros comportamentos perigosos.

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“A má conduta dos réus tem sido um fator substancial para causar uma crise de saúde mental na juventude, que tem sido marcada por proporções cada vez mais altas de jovens a debaterem-se com ansiedade, depressão, pensamentos de auto-mutilação e ideias suicidas”, frisa a queixa. As escolas referem que, perante este cenário, tem sido registada uma queda no desempenho escolar dos jovens e em algumas situações até “é mais provável que não vão à escola, que comecem a usar substâncias e a ter mau comportamento”. Isso “afeta diretamente as capacidades das escolas públicas de Seattle de concretizarem a sua missão educacional”.

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Este processo exige uma compensação monetária às empresas. Em reação a este processo, a Google disse à Reuters que tem investido “fortemente” na criação de experiências seguras para os mais jovens e lembrando que tem “proteções fortes e funcionalidades dedicadas à prioridade do bem-estar” dos utilizadores mais novos. Do lado da Snap, foi dado um argumento semelhante, com a dona do Snapchat a dizer que “tem trabalhado de perto com muitas organizações de saúde mental para ter ferramentas na app e recursos para os utilizadores e que têm o bem-estar como prioridade”.

“Desenvolvemos mais de 30 funcionalidades para apoiar os adolescentes e as famílias, incluindo ferramentas que permitem aos pais limitar a quantidade de tempo que os adolescentes passam no Instagram e tecnologia de verificação de idades que ajudam os jovens a terem experiências apropriadas à idade”, disse a Meta, dona do Facebook e Instagram, em comunicado. As ferramentas de controlo parental no Instagram, por exemplo, chegaram a Portugal no ano passado.

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O Engadget lembra que, de acordo com a legislação norte-americana, as plataformas de redes sociais não podem ser responsabilizadas por conteúdo partilhado por terceiros. No entanto, o processo defende que as empresas devem ser responsabilizadas por atos como a recomendação, distribuição e promoção de conteúdo que possa prejudicar os jovens.