Os despedimentos foram uma das primeiras medidas de Elon Musk quando assumiu o comando do Twitter mas, após dois meses, continuam algumas questões pendentes, nomeadamente detalhes sobre acordos de rescisão e pagamentos de compensações.

O Twitter, que tinha 7.500 empregados no final de outubro, quando Musk chegou à empresa, despediu metade dos trabalhadores e ainda viu mais alguns saírem pelo próprio pé. A companhia já não tem equipa de comunicação, por exemplo. E, segundo a Business Insider, parece existir também falta de pessoal no departamento de recursos humanos, já que a empresa está a entrar em contacto com os empregados despedidos através de um email externo.

Durante o fim-de-semana, vários ex-empregados partilharam com este meio de comunicação que receberam um email de um endereço “twitterseparation@cptgroup.com”, que não estará ligado a nenhum departamento da companhia. Nesta correspondência estaria o pedido para os trabalhadores assinarem o acordo de rescisão para poderem ter acesso a uma compensação. Mas para isso acontecer era necessário fazer login no site de uma outra empresa, a CPT Group.

O facto de o email não vir de um domínio twitter.com e de ainda ser necessário fazer o login noutra entidade levantou suspeitas. A Business Insider relata que muitos dos funcionários despedidos foram encontrar este email na caixa de spam.

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“Como é conhecido, tivemos de reduzir a nossa força de trabalho a nível global para garantir o sucesso da empresa daqui para a frente e a sua situação de emprego foi afetada”, referia o email, a que o site teve acesso. “Desde que o notificámos sobre o seu estado de emprego, ficou em aviso de não trabalho, empregado e a receber salário e isto vai continuar até à data final do acordo. Também pode receber uma compensação adicional se assinar um acordo de rescisão.”

Assim, o Twitter teve de enviar um segundo email aos ex-empregados a clarificar que se tratava mesmo de uma comunicação legítima. “Estamos a escrever para confirmar que envolvemos uma terceira parte, a CPT Group, para nos auxiliar na distribuição dos acordos do Twitter nos Estados Unidos”, cita o site, contextualizando que este segundo email já foi enviado pelo departamento de recursos humanos da rede social. “O email era uma comunicação oficial da empresa e não era uma tentativa de spam. Se não recebeu o acordo por email, por favor veja a caixa de spam.” Neste segundo email o Twitter relembrava o endereço de email legítimo da CPT Group.

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Alguns ex-empregados do Twitter estão há dois meses à espera de que seja enviada a documentação para receber a compensação oferecida pela empresa. Em publicações na rede social, a contratação de uma companhia externa para tratar deste assunto e o atraso do processo foi alvo de críticas. “Se têm dúvidas sobre o atual estado no Twitter, muita gente recebeu os acordos de rescisão na pasta de spam [do email], a remeter para uma ligação de uma empresa com uma estrela na classificação BBB”, escreveu Parker Lyons, ex-empregado do Twitter na rede social. Esta classificação de uma estrela em cinco refere-se ao ranking do Better Business Bureau, onde é possível deixar avaliações sobre o serviço em diferentes empresas.

Numa fase inicial, Elon Musk disse que os empregados despedidos receberiam três salários como compensação. No entanto, ainda segundo a Business Insider, estes três meses estariam já a contar com o tempo de espera pela compensação, em que já não têm funções no Twitter mas ainda têm um vínculo laboral.

Elon Musk comprou o Twitter a 28 de outubro de 2022, por 44 mil milhões de dólares, após vários meses de agitação que quase terminaram em tribunal.

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