O Museu Nacional de Arte Contemporânea (MNAC) — Museu do Chiado vai sofrer obras de ampliação, para duplicar as áreas de reservas e exposições, anunciou esta terça-feira o ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva.
“Numa altura em que vamos lançar um novo museu, Museu de Arte Contemporânea (MAC) — CCB, de perfil mais internacional, fazemos aqui um virar de página, uma ambição mais renovada no MNAC – Museu do Chiado, com um perfil mais nacional. Para isso, precisamos de alargar, quer o espaço de reservas, quer o espaço expositivo, considerando que, desde 2015, há uma área extensa que foi transferida da PSP para a Cultura”, afirmou Pedro Adão e Silva aos jornalistas, no ato de doação de duas pinturas, uma de Amadeo de Souza Cardoso e outra de Manuel D’Assumpção, no Museu do Chiado, em Lisboa.
O ministro reforçou que “agora é o momento de fazer esse investimento e iniciar os trabalhos e o processo para esse investimento”.
Pedro Adão e Silva salientou que “a duplicação do espaço de reservas” no MNAC “permitirá ter em depósito muito mais peças”.
A ampliação será feita aproveitando uma “área neste momento absolutamente devoluta”.
O ministro da Cultura escusou-se a avançar com valores de investimento desta empreitada. “Para já vamos fazer o projeto e com isso teremos uma noção mais exata do que será o montante do investimento”, disse.
A secretária de Estado da Cultura, Isabel Cordeiro, na mesma ocasião, explicou aos jornalistas que este ano será lançado o concurso para o projeto de arquitetura, e que em 2024 deverão começar as obras, sem necessidade de encerramento do museu.
Em fevereiro de 2014, o então secretário de Estado da Cultura, Jorge Barreto Xavier, assinou um protocolo com o Ministério da Administração Interna (MAI) e o Ministério das Finanças para cedência de parte do convento S. Francisco, onde também tinha funcionado uma esquadra da PSP e o antigo Governo Civil, com o objetivo de duplicar o espaço disponível para o Museu do Chiado.
As obras de ampliação estenderam-se primeiro para o edifício do Governo Civil, na Rua Capelo, que abriu em 2015, estabelecendo-se mais tarde a ligação ao edifício original do museu, na Rua Serpa Pinto.
Havia porém o objetivo de estabelecer um programa de expansão que abrangesse todas as áreas.
A cedência do espaço então sob tutela do MAI no Convento de São Francisco correspondia a um projeto já antigo, que atravessou vários governos, mas nunca chegou a ser concretizado.
Um dos principais problemas do museu, apontado por todos os diretores dos últimos 30 anos, era a exiguidade do espaço para mostrar uma das mais importantes coleções públicas de arte do país.
O MNAC-MC, que possui hoje um acervo de quase 5.000 peças de arte, desde 1850 à atualidade, muitas delas em entidades como embaixadas e ministérios, completou cem anos em maio de 2011.
Quanto ao Centro Cultural de Belém, em Lisboa, vai inaugurar o novo museu de arte contemporânea, o MAC-CCB, de forma faseada ao longo deste ano, no espaço até aqui ocupado pelo Museu Coleção Berardo.
Em 2 de janeiro, foram retirados no exterior do CCB os painéis indicativos do que era o Museu Coleção Berardo e colocados os que designam agora a existência do MAC-CCB.
Para os visitantes, praticamente não há, para já, qualquer alteração na entrada no Centro de Exposições do CCB.
Este museu de arte contemporânea no CCB, que ficará no denominado “módulo 3” do edifício, vai acolher obras da Coleção de Arte Contemporânea do Estado, incluindo a Coleção Ellipse, que tinha sido constituída pelo antigo banqueiro João Rendeiro e que passa para a tutela pública, e está aberto à entrada de outras coleções de arte.
No MAC-CCB ficarão ainda depositadas e em exposição as obras do Museu Coleção Berardo, enquanto “se mantiverem os termos do arresto tal como eles existem hoje”, disse, em 2 de janeiro, Pedro Adão e Silva.
Recorde-se que as obras da Coleção Berardo estão arrestadas desde julho de 2019, na sequência de um processo interposto em tribunal pelo Novo Banco, a Caixa Geral de Depósitos e o BCP, para recuperarem uma dívida próxima de 1.000 milhões de euros.
O MAC-CCB terá um “perfil internacional”, mas existirá em “complementaridade e articulação” com o Museu Nacional de Arte Contemporânea — Museu do Chiado, também na capital, afirmou na altura, sem adiantar mais detalhes.
Os cerca de 30 trabalhadores do Museu Coleção Berardo, incluindo a diretora artística, Rita Lougares, transitam para a fundação CCB.