O ministro da Economia, António Costa Silva, indica que a Iberia pode participar na privatização da TAP e defende que uma maior conectividade com o aeroporto de Madrid traria impulso à economia e ao turismo nacionais. As declarações foram feitas ao jornal espanhol El Economista, no quadro de uma entrevista realizada no quadro da Fitur (feira internacional de turismo) da capital espanhola.

Horas mais tarde na Guarda, o ministro da Economia esclareceu a declaração reproduzida ao jornal espanhol para sublinhar que todos os operadores são bem vindos.

“Nesta fase, a empresa está a recuperar, já tem resultados positivos, estão criadas as condições para a reprivatização e, portanto, todos os operadores internacionais que queiram vir à reprivatização, são bem-vindos. É esse o aspeto fundamental. Se for a Iberia, se forem outras companhias… não [é] especificamente ser a Iberia. Nós, nesta altura não podemos excluir ninguém”.

O grupo IAG da British Airways, que controla a companhia espanhola Iberia, tem sinalizado o seu interesse na transportadora portuguesa cuja privatização está a dar os passos iniciais. O presidente da Air France KLM já admitiu que a TAP pode ser uma operação para o grupo que desistiu recentemente de comprar uma participação na transportadora italiana que sucedeu à Alitalia, a ITA.

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“A TAP é agora uma companhia saneada e foram criadas as condições adequadas para a privatização. A Iberia e outros operadores internacionais interessados podem participar na mesma”, afirmou o ministro da Economia. A “conectividade com o hub do aeroporto de Barajas impulsionaria tanto o turismo como a economia do país e nesta matéria tanto a TAP, como a Iberia, jogam um papel importante”.

Costa Silva não tem a tutela da TAP (que está nas Infraestruturas com João Galamba), mas tem no seu ministério a pasta do turismo. E nestas declarações assinala que “temos de tratar a conetividade aérea porque há estudos que revelam que a sua insuficiência condiciona a nossa economia face ao resto da Europa porque somos um país periférico”.

O anterior ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, sinalizou que uma aliança com a Lufthansa seria bem vista pelo Governo, mas num contexto em que a companhia alemã terá estado a analisar a compra da participação de David Neeleman na TAP, ainda antes da pandemia e da tomada de controlo pelo Estado. Mais recentemente, Pedro Nuno Santos defendeu a integração da TAP num grupo global de aviação. Apesar da preferência que parece acolher em Portugal, até devido às negociações passadas, a companhia alemã nunca admitiu publicamente o seu interesse pela TAP e apresentou esta semana uma proposta para a compra de 40% da ITA.

Uma eventual compra da TAP pela AIG tem levantado algumas reservas em Portugal, sobretudo por ser dona da Iberia cujo hub de Madrid é um concorrente do hub da TAP em Lisboa. No caso de empresa espanhola, ou do seu acionista, passarem a controlar a TAP, há o receio em Portugal de que a estratégia e ligações passem a fortalecer Madrid, em detrimento em Lisboa. Ainda para mais quando Barajas tem tido expansões de capacidade, quando o futuro aeroporto de Lisboa continua sem decisão.

Pedro Nuno Santos: “Sem a TAP, Madrid passaria a ser o único hub ibérico”

A manutenção e desenvolvimento do hub da TAP em Lisboa foi um dos grandes argumentos para a injeção pública na transportadora portuguesa. A preocupação de que o fim da TAP e do seu hub obrigaria os portugueses a ir a Madrid para apanharem voos intercontinentais (pelo ausência do efeito de interligação) foi várias vezes manifestada pelo ex-ministro Pedro Nuno Santos.