A aprovação do plano da reestruturação da TAP “não é uma vitória da companhia ou do Governo, mas para a economia portuguesa e para o país”, afirma o ministro das Infraestruturas e Habitação, em artigo de opinião publicado esta segunda-feira no Jornal de Negócios. Para Pedro Nuno Santos, “sem TAP não haveria hub, e se queremos proteger o hub, temos de manter a TAP” e “sem a TAP, o país perderia centralidade, porque o seu desaparecimento levaria a que Madrid assumisse as funções de único hub ibérico, e muitas das ligações que hoje são feitas a partir de Lisboa passariam a ser feitas a partir da capital espanhola”.

Repetindo os principais argumentos que levaram o Governo a decidir apoiar a TAP em 3,2 mil milhões de euros, Pedro Nuno Santos afirma que, perante os danos causados pela pandemia, “no caso das grandes companhias europeias, todos os governos – independentemente da sua cor política – o fizeram, porque nenhum se mostrou disponível para deixar a ‘sua’ companhia aérea abrir falência”.

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O ministro sublinha que “antes da pandemia, a TAP era uma das três maiores exportadoras nacionais, garantindo anualmente três mil milhões de euros de vendas para o exterior, dos quais mil milhões são líquidos, níveis apenas atingidos por grandes empresas como a Navigator e a Autoeuropa”. Além disso, “a TAP é uma empresa profundamente interligada com o tecido económico nacional”, beneficiando não só os quase 10 mil trabalhadores [que tinha em 2019] como “indiretamente ainda outros 100 mil empregos nacionais”.

Por outro lado, “parte da importância económica da TAP mede-se pelos turistas que traz para Portugal: antes do impacto da pandemia, a TAP transportava um em cada três passageiros que chegam ao nosso país”. “Porém, se fosse só pelos fluxos turísticos que garante, a TAP dificilmente poderia sobreviver, porque isso a colocaria em concorrência direta com empresas que fazem do transporte de turistas o seu modelo de negócio”, diz Pedro Nuno Santos.

Hoje, este modelo de negócio está dominado pelo segmento das companhias low cost, e não é possível batê-las no seu terreno; procurar fazê-lo implicaria que a TAP tivesse de baixar radicalmente a sua estrutura de custos, a começar pelos salariais”.

Pedro Nuno Santos conclui que “quem ganharia com o desaparecimento da TAP não seriam nem os portugueses – que perderiam conectividade – nem empresas nacionais – que perderiam encomendas -, mas as companhias que com ela concorrem diretamente e as empresas que com elas já trabalham”.

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