O militante de extrema-direita sueco-dinamarquês Rasmus Paludan queimou este sábado uma cópia do Corão à porta da embaixada turca em Estocolmo, um ato que provocou protestos do Governo turco. A Turquia apelou às autoridades suecas para impedir esta ação, que acabou por ser autorizada, uma vez que não viola a lei sueca, refere a agência de notícias espanholas Efe.

A Turquia convocou na sexta-feira o embaixador sueco em Ancara, Staffan Herrström, para protestar contra esta ação e já hoje anunciou o cancelamento de uma visita que estava prevista para a próxima semana a Ancara do ministro da Defesa sueco, em que se ia discutir o veto da Turquia à adesão do país escandinavo à NATO.

Turquia cancela visita de ministro da defesa sueco após manifestação autorizada em Estocolmo

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Durante a queima de uma cópia do livro sagrado dos muçulmanos, que durou cerca de uma hora e foi transmitido nos meios de comunicação social, Rasmus Paludan defendeu o seu direito à liberdade de expressão, atacou o Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, a política de migração sueca e exibiu um desenho que retratava ironicamente a sexualidade do profeta Maomé.

Rasmus Paludan, um advogado dinamarquês que também tem nacionalidade sueca, tornou-se há alguns anos um fenómeno nas redes sociais na Dinamarca devido às suas polémicas queimas do Corão em bairros de imigrantes, e o partido que fundou Stram Hurs (Linha Dura, em sueco) ficou a décimas de entrar no parlamento nas eleições legislativas de 2019.

Após várias condenações menores por delitos racistas e uma proibição por parte das autoridades eleitorais dinamarquesas por manipular declarações de votantes, Paludan tentou a sua sorte na Suécia, onde protagonizou eventos semelhantes, que conduziram a distúrbios na última Semana Santa. O ato de hoje de Paludan coincidiu com uma manifestação em Estocolmo com meia centena de pessoas, convocada por grupos curdos, contra a adesão da Suécia à NATO.

Ancara já tinha convocado o embaixador sueco na semana passada, depois de um grupo curdo ter levado a cabo uma execução simbólica em Estocolmo de um boneco a representar Erdogan, descrito como “muito sério” pelo primeiro-ministro sueco, Ulf Kristersson.

O Ministério Público sueco encerrou o processo, considerando os acontecimentos não constituíam um crime.O Governo turco pediu hoje de manhã às autoridades suecas que tomassem “as precauções necessárias” para evitar a queima de uma cópia do Corão, classificando este ato como “islamofóbico” e “crime de ódio”.