A greve de sete dias dos tripulantes da TAP, que ia a começar a 25 de janeiro, foi desconvocada em assembleia geral extraordinária depois da última proposta da companhia aérea. De acordo com dados recolhidos pelo Observador, uma maioria de 654 associados votaram a favor do cancelamento da greve que ia realizar-se entre 25 e 31 de janeiro. 301 votaram contra e houve 20 abstenções.

A TAP já veio entretanto saudar a decisão de cancelamento da paralisação, considerando que abre uma nova etapa na vida da empresa “reabrindo a negociação do novo acordo de empresa”.

A assembleia geral extraordinária do Sindicato Nacional do Pessoal da Voo da Aviação Civil (SNPVAC) foi convocada no domingo depois da última ronda negocial com a TAP em que foi apresentada uma nova proposta. Os associados do sindicato tinham chumbado a proposta anterior da companhia na quinta-feira passada depois de terem tido um encontro com o ministro das Infraestruturas, João Galamba.

De acordo com a transportadora, a greve de sete dias poderia custar 48 milhões de euros em custos diretos e obrigar ao cancelamento de cerca de 1.300 voos.

Houve acordo mas há insatisfação e “ao mínimo deslize voltaremos à luta”, diz presidente do SNPVAC

À saída da assembleia geral, o presidente do SNPVAC afirmou que existiram cedências das duas partes. Em declarações aos jornalistas, Ricardo Penarróias sublinhou que houve temas que ficaram de fora do acordo, mas que vão continuar em cima da mesa durante a negociação, nomeadamente a exigência da reposição de mais um chefe de cabine nos voos de longo curso e o fim dos contratos precários na classe profissional.

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O presidente do SNPVAC admitiu que ficaram por satisfazer uma reivindicação e meia das 14 que tinham sido feitas no quadro da negociação do acordo de empresa. “Não é um acordo temporário”, mas sim o regresso a condições de estabilidade que “tinham sido congeladas com o acordo de emergência”. A direção do sindicato votou a favor do acordo — na assembleia-geral de quinta-feira tinha votado contra — mas deixou avisos à gestão da empresa.

“Houve acordo, mas continua a haver muita insatisfação” e os “problemas não desapareceram só porque houve um acordo” e “ao mínimo deslize voltaremos à luta”.

No comunicado emitido na semana passada em que estimava os custos da greve, a TAP sublinhou que, das 14 exigências feitas pelo sindicato, apenas duas tinham ficado por atender, devido aos elevados custos que teriam para a empresa, mas este fim-de-semana nas negociações para um novo acordo de empresa foram retomadas, dando origem à proposta que foi aprovada esta segunda-feira. Outra nota que saiu desta assembleia geral foi a necessidade de deixar muito clara as condições agora acordadas no futuro acordo de empresa de forma a não existirem zonas cinzentas.

Ricardo Penarróias foi ainda muito crítico do comunicado em que a TAP avisou que os custos imputados à greve colocariam em causa a intenção sinalizada de repor antecipadamente uma parte dos cortes salariais já este ano, considerando que foi uma “chantagem” que tentou colocar os trabalhadores do grupo contra os tripulantes que, garante o dirigente sindical, estão unidos.

Comissão executiva da TAP “empenhou-se totalmente”

A TAP já manifestou satisfação por esta decisão que “vai permitir que a companhia cumpra todas as expectativas criadas aos passageiros que confiaram na TAP para realizar as suas viagens”. Em comunicado, a companhia destaca uma “nova etapa na vida da TAP”, que irá reabrir a negociação do novo acordo de empresa com os sindicatos na “busca de um equilíbrio que permita cumprir os termos do plano de reestruturação”. A empresa diz que a comissão executiva se empenhou totalmente nestas negociações e que vai manter “esta abertura e diálogo com todas as estruturas representantes dos trabalhadores”.