O vice-presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Filipe Anacoreta Correia, explicou esta quarta-feira o plano de investimentos da autarquia para a Jornada Mundial da Juventude (JMJ 2023) e apresentou aos jornalistas a primeira imagem do altar-palco onde o Papa Francisco vai presidir às celebrações finais do evento — uma obra que tem estado envolvida em polémica depois de ter vindo a público a informação de que vai custar 4,2 milhões de euros.  “É muito importante que todos os contribuintes e todos os munícipes estejam a acompanhar, estejam conscientes, estejam informados”, disse o autarca, que procurou esclarecer quais as responsabilidades de cada entidade envolvida na organização do evento.

“Até 2022 não havia nada escrito, nada definido sobre o que era o contributo de cada entidade. Em 2022, depois de um processo de conversações, estabelecemos as bases daquilo que nos é pedido”, acrescentou Anacoreta Correia. “Julgo que a primeira questão é percebermos qual é o papel da CML.”

O vice-presidente explicou que uma das principais competências da autarquia é “o grande momento que decorre entre sábado e domingo”.

“No dia 5 e no dia 6 há uma grande concentração de todos os participantes, é o momento alto deste evento e a expectativa ultrapassa mais de um milhão de pessoas, um milhão, um milhão e meio. Aquilo que foi pedido à CML é que tratasse de toda a construção, infraestruturação deste recinto. Isso passou pela recuperação do aterro”, disse.

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Requisitos do palco foram apresentados pela Igreja Católica, diz CML

Filipe Anacoreta Correia procurou também explicar a controvérsia em torno do palco onde o Papa Francisco vai presidir às celebrações finais da JMJ 2023. O palco “corresponde a um pedido do promotor do evento”, disse o autarca, apontando para a Igreja Católica como responsável pelos requisitos. “A Fundação JMJ, em diálogo com a Santa Sé, estabeleceu um conjunto de requisitos”, disse ainda.

O autarca explicou que na celebração principal vão estar mais de 2 mil pessoas em palco, incluindo mil bispos, o coro e a orquestra. Além disso, o palco será elevado a 9 metros do chão para ser visível em praticamente todo o terreno, que tem cerca de 100 hectares.

O palco ficará para a cidade no futuro e o autarca garante que já houve “manifestações de interesse” por parte de promotores de eventos para ali serem realizados eventos de grande dimensão no futuro.

Sobre o recurso ao ajuste direto, Filipe Anacoreta Correia garantiu que foram consultadas sete empresas e que a Mota-Engil foi escolhida ao fim de três rondas de consultas — “a empresa que apresentou a melhor proposta em todas as fazes do procedimento”.

Dos 21,5 milhões gastos no Parque Tejo, 19 milhões vão ficar na cidade

O autarca esclareceu que a JMJ 2023 será a oportunidade para a câmara de Lisboa requalificar uma área que tinha “menor dignidade” na cidade até agora

“O que resultará para a cidade depois de todo este investimento é uma alteração muito substancial de todo este envolvimento”, salientou Filipe Anacoreta Correia, insistindo que a obra no Parque Tejo-Trancão “não tem paralelo” com o que foi feito até agora.

Vai também ser construída uma ponte pedonal no parque, salientou o autarca, garantindo que este “é um investimento dos munícipes”. Do custo total de 21,5 milhões que vão ser gastos na totalidade da requalificação do Parque Tejo, “19 milhões ficarão para a cidade”.

“É um investimento que não se esgota no evento”, salientou, explicando que depois da JMJ 2023 o palco será descido e ficará como estrutura permanente para o parque. O palco, segundo Filipe Anacoreta Correia, deverá estar pronto entre maio e junho.

Os outros recintos da JMJ: Parque Eduardo VII, Terreiro do Paço, Alameda e Parque da Belavista

O vice-presidente da CML desfez esta quarta-feira uma das outras dúvidas que ainda subsistiam sobre a organização da JMJ: os outros recintos onde o evento vai acontecer.

O Parque Eduardo VII foi o escolhido para três acontecimentos: a missa de abertura com D. Manuel Clemente (com cerca de 200 mil pessoas), o acolhimento ao Papa Francisco (400 a 500 mil pessoas) e a Via-Sacra (700 mil pessoas).

“Às vezes aqui na cidade de Lisboa temos grandes eventos, mas não atraem mais do que 80 mil pessoas, em situações excecionais 90 mil pessoas”, disse o autarca. “Grandes concertos num estádio de futebol, historicamente não há registo de terem atraído mais de 90 mil pessoas.”

“É um momento sem paralelo, nunca ocorreu nada semelhante”, disse ainda. O autarca explicou que a câmara vai preparar o Terreiro do Paço, a Alameda Dom Afonso Henriques e o Parque da Belavista para a realização de eventos durante o Festival da Juventude, uma das dimensões da JMJ 2023 durante a semana de 1 a 6 de agosto.