“Foi um dia histórico” que permitiu “estar mais perto da vitória”. Os dirigentes ucranianos celebraram, esta quarta-feira, uma vitória diplomática em toda a linha. Ao final da manhã, o chanceler alemão, Olaf Scholz, oficializou o envio de 14 tanques Leopard-2 para Kiev. A meio da tarde, foi a vez de o Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, confirmar que Washington forneceria o arsenal ucraniano com 31 tanques Abrams M1. Fabricados no Ocidente, ambos os carros de combate são modernos e poderão representar uma importante vantagem para a Ucrânia, principalmente na contraofensiva que tem preparada para a primavera. Mas há já outro objetivo em mente: os caças.

“Hoje o mundo livre esteve mais unido do que nunca para um objetivo comum — a libertação da Ucrânia”, sintetizou o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, que reagia ao envio de 31 tanques Abrams M1. “Um dia histórico”, comentou o conselheiro da presidência, Andriy Yermak. Momentos antes, Joe Biden realçava que o povo ucraniano mostrou ao mundo a “força da sua coragem e determinação da sua liberdade”. Liberdade essa que, na ótica do Chefe de Estado norte-americano, é o que está em causa nesta guerra.

O Presidente norte-americano salientou que os tanques vão permitir robustecer a “capacidade da Ucrânia em defender o seu território” e alcançar os seus “objetivos estratégicos”, ajudando não só nas suas ofensivas para “recuperar território”, como também a responder eficazmente aos ataques da Rússia. “Já não se via uma guerra tão brutal há muito tempo”, notou Joe Biden.

É oficial. Alemanha autoriza envio de 14 tanques Leopard-2 para a Ucrânia

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Para além da diferença que os Abrams M1 podem fazer no terreno, o líder da Casa Branca sublinhou que os aliados continuam “unidos”, assim como a cena política norte-americana (entre republicanos e democratas) no que diz respeito ao apoio à Ucrânia. Joe Biden assinalou que, antes de fazer a declaração ao país, falou com o Presidente francês, Emmanuel Macron, a primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, o primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, e o chanceler alemão, Olaf Scholz.

Aliás, na conferência de imprensa, o Presidente dos Estados Unidos aproveitou para agradecer especialmente a Olaf Scholz, alguém que considera seu “amigo”. “Eu quero agradecer ao chanceler pela sua liderança e pelo seu compromisso firme em estar ao lado dos nossos esforços coletivos para apoiar a Ucrânia”, disse Joe Biden, aludindo à luz verde que chegou de Berlim sobre o envio dos tanques Leopard-2. “A Alemanha superou-se.”

O agradecimento especial de Biden a Scholz podia ser interpretado à luz da informação que dava conta de que a Alemanha apenas enviaria os Leopard-2 se os Estados doassem os Abrams M1 à Ucrânia. Mas o Presidente norte-americano rejeitou essa ideia. “Não foi a Alemanha quem alterou a minha posição”, garantiu quando questionado pelos jornalistas.

“Continuamos unidos”, assegurou Joe Biden, que aproveitou para mandar uma farpa para o seu homólogo russo, Vladimir Putin, que, segundo o Presidente dos EUA, acreditava que conseguiria quebrar a unidade entre os parceiros da Ucrânia: “Estava errado desde o início e continua errado”. 

No entanto, Joe Biden também tentou tranquilizar a Rússia ao dizer que a ajuda que o Ocidente tem concedido à Ucrânia não representa nem uma “ofensa”, nem uma “ameaça” para a Rússia. “Se as tropas russas saírem da Ucrânia, acaba esta guerra”, assegurou, acrescentando que os EUA e os aliados não  podiam “deixar” que a integridade territorial doutro país não fosse “preservada”.

Próximo pedido da Ucrânia? Caças

Na sequência das boas notícias, vários dirigentes ucranianos saudaram a decisão. O ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia, Dmytro Kuleba, preferiu agradecer ao seu homólogo polaco, Zbigniew Rau, pelo empenho e pela pressão de Varsóvia na questão dos tanques. Mas o chefe da diplomacia ucraniana frisou que há “novas tarefas” para que têm de endereçadas no futuro — uma das quais os caças do Ocidente.

Volodymyr Zelensky já tinha feito o pedido no discurso em frente aos dirigentes políticos que se reuniram em Ramstein na passada sexta-feira. Um dia antes, os Países Baixos referiram que não existia “armas tabus” e que não colocariam de lado essa possibilidade. Desde aí, o tema nunca mais abordado — até esta quarta-feira.

Numa entrevista à Reuters, Yuriy Sak, conselheiro do Ministério da Defesa ucraniano, assinalou que o próximo passo passará pelos caças ocidentais. “Trariam imensas vantagens no campo de batalha”, admitiu. Resta saber se o Ocidente vai ceder e concretizar mais um dos pedidos da Ucrânia.