O início da última época deu uma imagem, a realidade dos últimos meses até aqui trouxe outra. Depois de um período em que os dérbis entre Benfica e Sporting eram marcados pelo equilíbrio, as leoas tiveram nesse arranque de 2021/22 duas vitórias com maior desequilíbrio na Supertaça e na segunda jornada da primeira fase mas foram as encarnadas que, daí para cá, foram ganhando todos os encontros realizados numa série de cinco prolongada no último sábado com a maior goleada de todas, um 5-0 no Estádio da Luz a contar para a Taça de Portugal. Seja pela valia individual, pela profundidade do plantel ou até mesmo pela experiência de Champions, o Benfica “ganhou” a condição de teórico favorito. E assim entrava em mais um dérbi.

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“Na Taça de Portugal tivemos um resultado muito bom para nós, fruto da nossa competência e do apoio sentido das bancadas. Este jogo será certamente diferente e temos de estar preparados para um Sporting com o orgulho ferido e super competente. Da nossa parte, esperamos um bom jogo. Pode esperar-se humildade máxima e muito trabalho. Não podemos pensar no resultado do fim de semana passado, nem achar que teremos um resultado semelhante porque no clube exigem-nos a máxima responsabilidade e máximo compromisso”, resumira Tiago Carmo, adjunto da equipa encarnada liderada por Filipa Patão.

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“Sabemos como o Benfica joga e o Benfica sabe como jogamos. A nossa forma de jogar comporta algum risco na forma como construímos jogo, como atacamos. Faz parte dos proveitos que queremos tirar disso. Temos de pensar em crescer, em evoluir. Temos a noção de que somos uma equipa muito jovem, sem a maturidade ou experiência competitiva que têm muitas das jogadoras do Benfica, mas faz parte do projeto do Sporting. É isso que temos de fazer, é a isso que nos propomos”, destacara Mariana Cabral, treinadora da formação verde e branca que estaria fora do banco após a sanção de oito dias pela expulsão no último dérbi.

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Apesar de ter caído na fase de grupos da Liga dos Campeões com jogos e resultados que mostraram bem uma evolução também a nível internacional da equipa, o Benfica continuava invicto no plano interno já com 24 vitórias noutros tantos jogos entre Campeonato, Taça de Portugal, Taça da Liga e Supertaça tendo um total de 87 golos marcados e apenas cinco sofridos. E assim queria manter-se na primeira mão das meias da Taça da Liga, procurando uma vantagem que desse outro conforto e margem para o segundo encontro no início de fevereiro. Se o domínio foi de novo evidente, os números acabaram por ser mais curtos mas ainda assim a funcionarem como passo quase decisivo para a presença na final contra Sp. Braga ou Famalicão.

Desde o primeiro minuto que o Benfica mostrou ao que vinha. Do primeiro minuto literalmente: Jéssica Silva assistiu Cloé Lacasse para defesa de Seabert aos 21 segundos, Pauleta atirou a rasar o poste ainda aos 53 segundos. E não ficaria por aí, com Ana Seiça a ver um golo anulado por fora de jogo ainda dentro dos três minutos iniciais. A superioridades das encarnadas voltava a ser demasiado evidente perante as ténues tentativas das visitantes em explorarem as transições, com Kika Nazareth, Jéssica Silva e Cloé Lacasse a abrirem o livre no último terço. Seria a canadiana a inaugurar o marcador pouco depois do quarto de hora inicial, após assistência de Catarina Amado entre dúvidas sobre um possível penálti sobre Jéssica (17′).

O domínio e controlo do jogo mantiveram-se, sem que o ritmo ofensivo do Benfica se mantivesse ao nível da entrada arrasadora na partida. O Sporting aproveitava todas as bolas paradas para provocar algum perigo na área contrária mas eram as encarnadas, sobretudo em transições, a criar as oportunidades para aumentarem a vantagem na primeira mão da meia-final, alcançando esse objetivo ainda antes do intervalo em mais uma jogada que começou numa arrancada pelo meio de Kika Nazareth, passou para a velocidade de Jéssica Silva na direita e foi concluída de carrinho ao segundo poste pela inevitável Cloé Lacasse (42′). Pauleta e Ana Vitória, com e sem bola, dominavam o meio-campo mas era o tridente ofensivo a dar espectáculo no Seixal. Chandra Davidson, após um raro erro, teve oportunidade para reduzir mas já atirou fraco para Rute Costa.

A partida parecia manter a mesma toada, com o Benfica de novo a entrar melhor e a chegar ao golo por Pauleta, num lance que seria anulado por fora de jogo (mal assinalado, a espanhola estava partiu atrás da defesa leonina ao contrário de uma companheira no centro da área mas que não teve influência). No minuto seguinte, e contra a corrente do jogo, Davidson aproveitou um ressalto à entrada da área para rematar cruzado e fazer mesmo o 2-1 (55′). A partir daí, nova avalanche ofensiva a encontrar quase sempre Seabert pela frente, como aconteceu num remate de Kika (59′), num desvio para a própria baliza de Bruna Lourenço (63′) e numa oportunidade isolada de Ana Vitória (66′), até Jéssica, isolada na profundidade, marcar o 3-1 (68′) antes da expulsão de Fátima Dutra com dois amarelos noutros tantos minutos (71′). Kika Nazareth, após grande jogada pela direita de Cloé Lacasse, fechou os números da goleada (76′).