A Iberdrola anunciou ter obtido a autorização ambiental para construir o “maior parque fotovoltaico da Europa” em Portugal. A instalação batizada de central Fernando Pessoa terá 1.200 megawatts de potência e ficará localizada no concelho de Santiago de Cacém, perto de Sines. .

O projeto será desenvolvido em parceria com a Prosolia Energy, uma promotora de centrais solares que estava desde 2020 a tentar obter a aprovação da Agência Portuguesa do Ambiente. De acordo com a documentação entregue na APA o investimento previsto chegava aos mil milhões de euros.

Com uma área de 1.262 hectares, a central prevê a instalação de 2,164 milhões de módulos fotovoltaicos e 244 postos de transformação distribuídos por quatro ilhas. Segundo o comunicado da Iberdrola, o projeto contempla várias medidas de proteção da biodiversidade, como o uso do terreno por pastores locais para alimentação do gado ovino, a instalação de colmeias para melhorar a estabilidade dos ecossistemas, para além da plantação ao redor da infraestrutura de árvores autóctones que irão substituir os eucaliptos que lá estão atualmente.

Um dos impactes ambientais identificados na DIA (Declaração de Impacte Ambiental) é o abate previsto de 1.500 000 árvores, ainda que a área de quase mil hectares a desflorestar seja de eucaliptal.

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A elétrica espanhola avança que a central Fernando Pessoa ficará construída até 2025, ano a partir do qual poderá produzir energia que corresponde ao consumo de 430 mil residências, cerca do dobro da população da cidade do Porto. A ligação à rede já está contratada com a Redes Energéticas Nacionais e irá criar até 2.500 postos de trabalho durante a sua construção.

Os promotores comprometem-se ainda com um programa de ações socioeconómicas com medidas de formação profissional nos setores da energia e turismo, para além da entrega de energia renovável às comunidades vizinhas.

O mesmo documento refere que a central “será um exemplo de convivência de novos empreendimentos renováveis com o património ambiental e as comunidades locais”.

Dada a dimensão do projeto, mais de 1.200 hectares de área vedada, e as suas implicações no território, o promotor teve de refazer o estudo de impacte ambiental, na sequência de elementos pedidos pela APA. O projeto é instalado num concelho onde outra central solar de grande dimensão (embora menor) provocou uma forte contestação popular pela sua proximidade à povoação do Cercal e a unidades de turismo. A autorização ambiental a este projeto resultou na adoção por parte do promotor de um vasto conjunto de medidas de minimização de impacte ambiental, sobretudo a nível visual, e no afastamento de áreas residenciais.

Central solar do Cercal com luz verde final da agência do ambiente após afastar painéis das casas

A central da Prosolia/Iberdrola fica mais distante de povoações.

Citado no comunicado, o presidente executivo da Iberdrola, Ignacio Galán, elogiou a colaboração das autoridades portuguesas para a aprovação deste projeto em tempo recorde. A elétrica espanhola é a responsável pela exploração do complexo hidroelétrico do Alto Tâmega, estando igualmente a desenvolver vários projetos solares em Portugal.