O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), José Ornelas, vai liderar a delegação da Igreja católica portuguesa na Assembleia Continental Europeia do Sínodo 2021-2024, a realizar em Praga a partir de domingo.

Em comunicado, a CEP informa que estará representada nos trabalhos desta fase do processo sinodal por 14 delegados, sendo quatro presenciais e dez com participação online. Além de José Ornelas, estarão em Praga para os trabalhos que decorrerão até 12 de fevereiro, o secretário da CEP e coordenador da Equipa Sinodal nacional, padre Manuel Barbosa, bem como Carmo Rodeia e Anabela Sousa, membros desta equipa.

A estes delegados caberá partilhar “o resultado da reflexão e discernimento das Igrejas locais sobre as questões apresentadas no Documento para a Etapa Continental: as intuições que mais ecoaram; as divergências e as interrogações a ser enfrentadas; e as prioridades que devem ser estabelecidas”, informa a CEP.

A participação online conta com os restantes membros da equipa sinodal da CEP – Isabel Figueiredo, Paulo Rocha, Pedro Gil e padre Eduardo Duque, além de representantes das equipas sinodais diocesanas dos bispos que compõem o Conselho Permanente: Braga, Coimbra, Évora, Leiria-Fátima, Lisboa, Porto e Santarém, que acompanharão todo o encontro e darão o seu contributo durante os trabalhos de grupo.

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Segundo as conclusões da fase de auscultação dos católicos portugueses realizada nos últimos meses e que integra o documento síntese enviado pela CEP, em 2022, para a Secretaria-Geral do Sínodo dos Bispos, a Igreja Católica é vista como sendo “demasiado hierárquica, clerical, corporativa, pouco transparente, estagnada, resistente à mudança”, priorizando a manutenção da imagem, ao invés de preservar a segurança da comunidade, surgindo os casos de pedofilia como “exemplo mais evidente”.

No documento era também apontada “uma Igreja pouco disponível para discutir de forma aberta e descomplexada a possibilidade de tornar opcional o celibato dos sacerdotes e a ordenação de homens casados e das mulheres”, que não as considera “em igualdade com os homens na missão”.

Também o processo de tomada de decisão e escolha de lideranças é considerado “pouco transparente e inclusivo, restringindo a Igreja ao corpo composto pelo sacerdote e os leigos que desempenham uma função nos grupos paroquiais/movimentos eclesiais, geralmente tidos como um corpo demasiado elitista, que ocupa posições quase de modo vitalício e se mostra incapaz de delegar de forma repartida e rotativa as diversas funções”.

As múltiplas comunidades diocesanas que participaram na reflexão sobre a realidade da Igreja Católica em Portugal, alertaram, também, para a existência de “uma Igreja espiritual e humanamente pouco inclusiva e acolhedora, discriminando quem não está integrado ou não vive de acordo com a moral cristã, isto é, divorciados, recasados e pessoas com diferentes orientações sexuais, identidades e expressões de género (grupo LGBTQI+), que coloca em segundo plano as pessoas com deficiência, os mais pobres, os marginalizados e, consequentemente, desprotegidos, privilegiando atitudes assistencialistas nas situações de pobreza e institucionalização nos grupos mais vulneráveis”.

Ao mesmo tempo, no rol de problemas, é incluída a dificuldade de a Igreja “fazer caminho com os jovens”, com estes a considerarem “que a Igreja tem uma mentalidade retrógrada e desajustada dos tempos” que se vivem.

Os trabalhos da Assembleia Continental Europeia, subordinados ao tema “Para uma Igreja sinodal: comunhão, participação e missão”, divide-se em dois momentos distintos, com o primeiro, de 05 a 09 de fevereiro, a ser uma assembleia eclesial com a participação de 200 pessoas presencialmente e 390 online, enquanto o período de 10 a 12 de fevereiro é reservado apenas aos bispos que presidem às 39 Conferências Episcopais da Europa.