A CMA, supervisora responsável pela concorrência no mercado britânico, já comunicou o sentido provável de decisão sobre a investigação à proposta de aquisição da Activision Blizzard pela Microsoft. A dona do Windows está disposta a dar 69 mil milhões de dólares pela empresa responsável pela franquia “Call of Duty” mas, se isso acontecer, os jogadores no Reino Unido podem enfrentar “preços mais altos, menor escolha ou menos inovação”.
A investigação teve início em setembro de 2022, com o intuito de perceber se a operação poderá ser penalizadora para os 45 milhões de jogadores no mercado inglês. Uma vez que a Microsoft já é dona da consola Xbox, assim que o negócio foi anunciado surgiram dúvidas sobre se a empresa poderia tornar alguns títulos da Activision exclusivos da sua plataforma.
Ao longo de cinco meses foram analisados “mais de três milhões de documentos internos das duas empresas para perceber as visões sobre o mercado”, os especialistas visitaram os escritórios de ambas as empresas e ainda foi “reunida informação de outros fabricantes de consolas, estúdios de jogos e fornecedores de serviços de jogos na cloud”.
A partir dessa informação, a CMA conclui agora neste parecer provisório que, ao comprar “uma das maiores editoras de jogos do mundo”, isso pode “reforçar a posição forte [da Microsoft no mercado] e reduzir substancialmente a concorrência que a empresa poderia enfrentar no mercado de jogos cloud no Reino Unido.”
Especificamente em relação ao “Call of Duty”, tema que tem sido uma fonte de queixas da Sony, fabricante da PlayStation, a CMA reconhece que o título “desempenha um papel importante na concorrência entre consolas”. O regulador alega que a Microsoft poderia ser beneficiada a nível comercial ao tornar o jogo num exclusivo da Xbox.
“O nosso trabalho passa por garantir que os jogadores no Reino Unido não são apanhados em fogo cruzado nestes negócios globais que, ao longo do tempo, podem prejudicar a concorrência e resultar em preços mais elevados, menos escolha e menos inovação”, explica Martin Coleman, líder do painel independente de especialistas que participou nesta investigação. “De forma provisória concluímos que isso pode acontecer neste caso.”
Em comunicado, Coleman acrescenta que as empresas já receberam explicações sobre as preocupações da CMA, além de um “convite à partilha de pontos de vista e outras alternativas que queiram apresentar” no âmbito deste negócio. O regulador inglês diz que vai aceitar comentários de partes interessadas a esta consideração provisória até 1 de março. O parecer final sobre a aquisição vai ser conhecido até 26 de abril.
A compra da dona do “Call of Duty” está também a ser alvo de investigação pela Comissão Europeia, assim com nos Estados Unidos. Em dezembro, a norte-americana Comissão Federal de Comércio avançou para a justiça para tentar impedir o negócio, sendo esperadas audições só em agosto.
A aquisição de 69 mil milhões de dólares é o maior negócio da indústria de videojogos e também a aquisição mais cara já proposta pela gigante Microsoft.