A administradora da RTP, Luísa Ribeiro, que tem o pelouro financeiro, afirmou esta quarta-feira que se a RTP não chegar ao ‘break-even’ (equilíbrio financeiro) em 2022 vai “andar muito próximo”, sublinhando que serão “13 anos de resultados positivos”.

Luísa Ribeiro respondia na comissão parlamentar de Cultura, Comunicação, Juventude e Desporto, a questões da deputada da Iniciativa Liberal (IL), Patrícia Gilvaz.

“Há aqui um equívoco claro sobre os resultados da RTP, o orçamento para 2022”, que foi apresentado no final de 2021, “previa cerca de 3,7 milhões de euros negativos de resultados líquidos no final do ano”, começou por dizer a administradora.

No entanto, recordou que na audição já tinha sido afirmado que a RTP conseguiu “aumentar receitas próprias e reduzir custos”.

“De tal forma que devemos estar próximos de um ‘break-even'” em 2022, mas “ainda não sabemos” porque as contas não estão fechadas, prosseguiu.

Agora, “é certo que reduzimos endividamento em cerca de 8%, o que nos parece bastante assinalável“, sublinhou a gestora financeira.

“Gostava de salientar também que se a RTP chegar a ‘break-even'” e “mesmo que não chegue vai andar muito próximo do ‘break-even’ em 2022, serão 13 anos de resultados positivos“, enfatizou Luísa Ribeiro, que defendeu que é preciso desmistificar a ideia de que a RTP dá sempre prejuízos.

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“Acho importante ser mencionado porque há uma ideia sempre que a RTP gera resultados negativos sistematicamente”, lamentou, admitindo que os resultados da empresa resultam de “muitos sacrifícios internos”.

Por seu lado, referindo que não subscrevia a posição da IL, que defende a privatização da RTP, o presidente da empresa, presente na audição, deu dois exemplos.

“Durante a pandemia foi necessário rapidamente colocar em cima da mesa a Escola em Casa (…), os operadores privados podiam ter feito. Fizeram? Não fizeram pura e simplesmente”, apontou Nicolau Santos.

“Dou-lhe outro exemplo, agora muito pequenino: um destes fins de semana a RTP2 transmitiu a final do Mundial de Andebol em cadeira de rodas. Algum dos outros operadores transmitiu ou sequer lhes passou pela cabeça transmitir? Estiveram 100 mil pessoas a ver essa edição”, exemplificou.

“Nós fizemos a cobertura da presidência portuguesa da União Europeia, com o nosso ‘broadcast’, fizemos a Eurovisão com grande sucesso, com o nosso ‘broadcast’, e agora fomos escolhidos outra vez para fazer um grande evento sobre as Jornadas Mundiais da Juventude”, prosseguiu o gestor.

Agora, “os operadores privados podiam fazer? Podiam. Algum fez? Lamento mas não fizeram até agora”, salientou.

Sublinhou a importância da RTP em matéria de serviço público, a qual está presente em todo o território nacional, ilhas incluídas, que tem uma rede de delegações em África “como nenhum operador privado”.

À questão sobre a queda contínua do número de consumidores de televisão, Nicolau Santos recordou que os operadores gratuitos (também chamados ‘free to air’) registam quebras, a nível mundial.

“As audiências estão a deslocalizar-se para os ‘streamings’, para outro tipo de canais por cabo, nós estamos nesse movimento”, rematou.