A Moldávia está a fazer o mesmo caminho de integração na União Europeia (UE) que Portugal fez e lutar contra a corrupção é pedra basilar para consolidar a adesão, disse à Lusa o ministro moldavo dos Negócios Estrangeiros.

“Sabe qual foi o grande efeito transformador da UE em Portugal? Fez de Portugal uma democracia sólida e consolidada, mais segura e também mais próspera. É isso que vamos tentar replicar na Moldávia”, explicou Nicu Popescu em entrevista à agência Lusa, em Bruxelas.

A Moldávia é desde junho de 2022 candidata à União Europeia, juntamente com a Ucrânia processo acelerado pela invasão pela Rússia deste país vizinho em fevereiro desse ano. O caminho para Chisinau é longo, tal como para Kiev, mas ao contrário da Ucrânia a Moldávia não aponta 2026 como o prazo para aderir ao bloco comunitário.

“Ainda há muito para fazer”, sustentou o governante moldavo, sendo a corrupção galopante “um dos maiores problemas que a Moldávia herdou” depois da dissolução da União Soviética, na década de 1990.

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O país está a braços com um passado de instituições capturadas por oligarcas, mas conseguiu em 2022 “o melhor lugar dos últimos dez anos no que diz respeito a esforços anticorrupção”, sublinhou Nicu Popescu. De acordo com o Índice de Perceção da Corrupção de 2022, a Moldávia ocupa a 91.ª posição (a melhor da última década) em 180 países que compõem uma lista encabeçada pela Dinamarca. Portugal ocupa a 33.ª posição.

“O trabalho do nosso Governo já está a ser reconhecido“, completou o também vice-primeiro-ministro do país que tem a tutela da Integração Europeia da Moldávia, nomeadamente na luta contra “a lavagem de dinheiro e na recuperação de bens do Estado roubados por oligarcas, incluindo o Aeroporto Internacional de Chisinau, em novembro de 2022 e que estava desde 2013 “nas mãos” de Ilan Shor, um oligarca moldavo que é esta quinta-feira fugitivo.

“As pessoas olham para nós e pensam: “Foi isto que Espanha fez, foi isto que Portugal fez”. Ainda está na memória recente dos políticos, não foi assim há tanto tempo (…). A Roménia fez isto, Portugal fez isto, é um trabalho árduo”, reforçou. O exemplo de Portugal, que é um Estado-membro desde 1986, foi uma constante ao longo da entrevista.

O ministro dos Negócios Estrangeiros moldavo também é da opinião de que o país já “faz parte das estruturas práticas da União Europeia” e isso foi visível durante este inverno, em que “90% da eletricidade era proveniente da Roménia”, que é Estado-membro da UE. Os bombardeamentos da Rússia a infraestruturas energéticas da Ucrânia, um dos países que partilha fronteira com a Moldávia, afetaram a rede moldava.

Nicu Popescu também rejeitou que as atenções apenas estejam centradas na Ucrânia e disse que em Bruxelas estão “a fazer os possíveis e impossíveis para ajudar” no processo de adesão da Moldávia, e Chisinau quer retribuir: “O nosso desejo é agora aumentar a participação nas missões de paz da UE, por exemplo, na Somália, na Bósnia-Herzegovina”.

Há oito países que são candidatos à União Europeia: Albânia, Montenegro, Macedónia do Norte, Sérvia, Turquia, Ucrânia, Moldávia e Bósnia-Herzegovina.