O final, mesmo final da história poderá não ser o mesmo. O início da história também não foi. No entanto, os capítulos todos a meio que foram prolongando esta pequena novela nos últimos dias em torno da utilização ou não de Paulinho no clássico frente ao FC Porto foram em tudo idênticos ao que tinha acontecido no caso de João Palhinha em 2020/21, quando o médio conseguiu no limite ser opção de Rúben Amorim para o dérbi em Alvalade frente ao Benfica. Assim, o avançado vai também estar na lista de eleitos do treinador no encontro frente aos campeões nacionais, faltando apenas confirmar se reassume a titularidade na equipa.
Pontos comuns no enredo? Todo o caminho até poder figurar na ficha de jogo. Capítulo 1: o jogador é notificado do castigo pelo Conselho de Disciplina (CD) da Federação Portuguesa de Futebol, neste caso pelo vermelho por acumulação na final da Taça da Liga também com os dragões. Capítulo 2: é apresentado recurso para o CD pela sanção de três jogos e o CD mantém o castigo. Capítulo 3: o Sporting envia um novo recurso para o Tribunal Arbitral do Desporto (TAD) com pedido de medida cautelar que possa suspender esse mesmo castigo. Capítulo 4: o TAD não consegue formar em tempo útil o colégio arbitral que vai avaliar o recurso. Capítulo 5: o Tribunal Central e Administrativo do Sul (TCAS), através do agora presidente Pedro Marchão Marques, aceita essa providência cautelar por não estarem reunidas as condições para deliberar.
Ou seja, e à semelhança do que outros clubes já começaram também entretanto a fazer, como não é possível “pegar” no caso em tempo útil, Paulinho vê esse último jogo de castigo “suspenso” até futura avaliação. A única nuance comparando esta parte do processo com o do agora médio do Fulham foi mesmo o timing, tendo em conta que Palhinha ficou “livre” para jogar em poucas horas e no dia do jogo e o avançado sabe que pode entrar nas contas mais de 48 horas antes do clássico de domingo no Estádio José Alvalade, às 18h.
Quais são então as diferenças? Duas, uma “menor” e outra que tem outro peso. Por um lado, a origem do castigo. No caso de João Palhinha, o médio tinha sido admoestado com o quinto amarelo da temporada e o próprio árbitro Fábio Veríssimo admitira em sede de recurso que tivera em campo uma perceção diferente da que viu depois nas imagens televisivas, sendo que teve apenas um jogo de castigo. Já Paulinho viu o vermelho por acumulação mas foi sancionado com mais dois encontros de suspensão além daquele que já teria por palavras proferidas para o quarto árbitro aquando da saída de campo a caminho do túnel de acesso aos balneários, apontando o dedo e acusando os elementos da equipa de arbitragem de serem “corruptos”. Depois, naquela que deverá ser a nuance entre os dois processos, o cumprir ou não da sanção que foi apenas suspensa nesta fase, sendo que Palhinha acabou por não ficar de fora e Paulinho ainda pode ter de cumprir.
A decisão está nas mãos do TAD e não do TCAS, que apenas abordou a questão da suspensão e não o recurso em si. Ou seja, depois de estar formado o colégio arbitral, as justificações apresentadas pelo clube verde e branco serão analisadas e haverá uma decisão sobre se há ou não motivos para reduzir ou terminar com a sanção aplicada pelo CD, algo que pode ainda levar o seu tempo. Assim, e enquanto não houver uma posição, Paulinho poderá continuar a ser utilizado por Rúben Amorim sem qualquer limitação disciplinar depois de ter falhado os dois últimos encontros do Sporting frente a Sp. Braga e Rio Ave para a Liga.