Rúben Amorim surpreendeu com o onze inicial, lançando Chermiti, Fatawu e até Bellerín para a titularidade. Depois, surpreendeu quando trocou Trincão por Paulinho ainda na primeira parte. Por fim, surpreendeu quando tirou Esgaio, 15 minutos depois de o colocar, para apostar em Arthur. Na hora do apito final, em Alvalade, o Sporting voltou a perder com o FC Porto. 

O treinador dos leões não evitou a derrota com os dragões e pode ver o Sporting ficar a oito pontos do terceiro lugar do Sp. Braga (se os minhotos vencerem o Marítimo ainda este domingo). Ou seja, a oito pontos da possibilidade de chegar à Liga dos Campeões. Beneficiando de um habitual voto de confiança praticamente ser reservas por parte dos adeptos, Rúben Amorim foi um dos protagonistas do Clássico pela forma pouco ortodoxa como atuou. E deixou todas as explicações necessárias — ou, pelo menos, aplicáveis — na flash interview e na sala de imprensa.

O Evangelho de Matheus numa equipa que não é só fé (a crónica do Sporting-FC Porto)

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Ainda na zona de entrevistas rápidas, o treinador leonino defendeu que o Sporting tem perdido os Clássicos e os dérbis “nos detalhes”. “Não os conseguimos ganhar porque, por vezes, não fazemos golo quando temos de fazer. Falta-nos alguma maturidade competitiva em comparação com o FC Porto. Mas diria que são os detalhes. Há anos assim… Ressaltos que dão para eles e outros ressaltos que não dão para nós. Não há muito a esconder, voltámos a perder e agora temos de pensar no próximo jogo”, atirou, justificando depois a titularidade dos jovens Chermiti e Fatawu em detrimento de Paulinho e Nuno Santos.

“O Chermiti foi pelo que tem feito até agora, merecia continuar a jogar. O Fatawu é muito explosivo no ‘um contra um’ e queríamos explorar isso. No início era para jogar na direita mas teve de passar para a esquerda porque o Jer [St. Juste] não estava lá e as características com o Inácio não combinavam. Tivemos de fazer essa alteração mas foi isso que procurámos, um jogador muito veloz, muito bom no ‘um contra um’. E foi isso que ele fez um pouco na primeira parte”, disse Amorim, acrescentando que Morita ficou de fora devido a um problema físico e que Trincão foi substituído ainda na primeira parte porque estar aparentemente limitado por uma amigdalite que o condicionou nos últimos dias.

Pepê, o MVP que ganhou o direito próprio de não ter apelido — e deixou Sérgio Conceição de sorriso rasgado

Mais à frente, o técnico abordou o momento em que Ricardo Esgaio, escassos 15 minutos depois de entrar em campo para substituir Bellerín, saiu para dar lugar a Arthur — sendo que, pelo meio, o Sporting sofreu o primeiro golo. “Dei-lhe a explicação e avisei-o antes de que o ia tirar. Todos os jogadores do Sporting sabem que os defendo até à morte. Mas existem certos momentos em que já fizemos uma alteração, queremos ir para a frente, olhamos para todas as peças e temos de ser muito frios na abordagem. Tenho de ter coragem. O meu papel é fazer o que é melhor para a equipa e o Esgaio sabe — e eu já o provei — que, quando é preciso, dou a vida por eles. Quando a equipa precisa de sacrifícios, e sei que isto é um sacrifício muito grande para um jogador como o Esgaio, tenho de o fazer. Porque em primeiro lugar está a equipa. Pedi-lhe desculpa e peço aqui publicamente. Mas a minha ideia é sempre ganhar os jogos. E, às vezes, não sou justo com toda a gente. É impossível”, ressalvou Rúben Amorim.

Por fim, depois de garantir que não se sente “a prazo” apesar da temporada pouco conseguida, o treinador do Sporting reconheceu que este está a ser um “ano difícil”. “Não começou bem mas ainda há muito para fazer. Temos de fazer uma segunda volta melhor e, como estou sempre a dizer, isto não acaba aqui. Todas as equipas passam por maus momentos e estamos a passar por um momento em que, não sendo mau, está a ser difícil levantarmo-nos. Estamos a perder nos detalhes mas há muita coisa boa e o treinador está cheio de força”, concluiu.